Diego Mello
O administrador de empresas Augusto Martins, que está na lista Forbes Melhores CEOs do Brasil 2025, enfrentou seu maior desafio profissional em novembro de 2022, dois meses após ter começado a trabalhar para o segundo empregador de sua carreira. Ele havia passado 23 anos no Banco Alfa, instituição financeira fundada em 1999 pelo lendário banqueiro Aloysio Faria, ex-dono do Banco Real. Em setembro de 2022, Martins foi contratado para estruturar a JHSF Capital, uma área dedicada à gestão de recursos e a tarefas como a compra e a venda de ativos. Em novembro, uma missão difícil chegou à sua mesa.
O principal shopping da JHSF é o Cidade Jardim, o mais importante de alta renda da América Latina, em que a empresa tem 51%. O segundo maior acionista era o grupo israelense Gazit, com 33%. Os israelenses precisavam de dinheiro e queriam vender – e rápido. “Tínhamos de encontrar um comprador para uma parcela relevante do principal shopping da companhia em 60 dias após a eleição presidencial de 2022 e antes da crise da Americanas.” Os investidores estavam arredios ao varejo, mas Martins foi à luta. “Estruturamos fundos e vendemos a participação”, diz. “Até hoje não sei muito bem como conseguimos.”
Os resultados cacifaram Martins para crescer no grupo. O convite para o cargo de CEO da JHSF como um todo chegou no fim de 2023 e coroou uma trajetória que havia começado quase três décadas antes. O paulistano Martins havia trabalhado por um curto período na empresa do pai, mas ele foi vitimado por um câncer fulminante com apenas 46 anos. A alternativa era estudar, o que Martins sempre fez com dedicação. Administrador de empresas pela PUC-SP, com especialização pela Fundação Dom Cabral e MBA pela Universidade de British Columbia, ele também possui cursos pelo Insead, Kellogg e Harvard.
Ele define sua carreira como uma espiral. “No meu processo seletivo, o doutor Aloysio me perguntou se eu queria ser bancário ou banqueiro”, conta. Ao optar pela segunda alternativa, ouviu que teria de trabalhar em todas as áreas do banco e conhecer o negócio por inteiro. “Fui mudando de posição e adquirindo novas competências”, diz. “Você não consegue crescer em uma empresa se não conhecer como ela funciona, e isso você só aprende mesmo colocando a mão na massa.”
Casado e pai de dois filhos, um de 9 e outro de 7 anos, o executivo reconhece não ser fácil conciliar as exigências do cargo com as familiares. “Não posso dizer que há um equilíbrio perfeito”, afirma. “Minha ascensão na JHSF foi rápida e eu tive de me conectar com todas as áreas da companhia.”
Não há alternativas, diz ele. “Meus conselhos para quem quer se tornar um CEO são: vá fundo, se dedique e trabalhe mais que os outros. Não é possível tocar de ouvido e observar o cenário de helicóptero, é preciso descer até o chão e colocar a mão na massa.” E o que não fazer? “Não acredite em atalhos; não existe short cut para o sucesso.”
Reportagem original publicada na edição 134 da Forbes, lançada em setembro de 2025.

