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Se a Geração Z (nascidos entre 1995 e 2010) já vem transformando o mundo do trabalho, com novas demandas e prioridades, a próxima grande revolução profissional estará nas mãos da Geração Beta.
Os nascidos entre 2025 e 2039 serão criados em um mundo moldado pela inteligência artificial e pela automação.
Com cerca de 2,6 milhões de nascimentos por semana, a Geração Beta somará mais de 2 bilhões de pessoas até 2039. A maioria deles viverá no século 22 e será fundamental para moldar a segunda metade do século 21. “Embora não seja possível prever com precisão como será uma nova geração, é possível analisar os tempos que a estão moldando, as características dos pais que a estão criando e os desafios globais que enfrentarão”, explicou o australiano Mark McCrindle, criador do termo Geração Beta em entrevista à Forbes Brasil.
As novas carreiras da Geração Beta
Assim como a GenZ, a Geração Beta também promete criar sua própria definição de trabalho, que vai refletir o momento vivido em cada país e no mundo.
Uma pesquisa da seguradora Prudential, realizada com mais de 2 mil americanos, revelou que 80% acreditam que os profissionais da futura geração terão mais de três carreiras ao longo da vida. Além disso, mais de 70% preveem que eles trocarão de emprego pelo menos dez vezes. “Há mais de 100 anos, você provavelmente seria um agricultor, mas no inverno buscaria trabalhos extras entre as safras. Agora, estamos voltando a esse cenário: meu genro tem três empregos diferentes porque seu trabalho principal não paga o suficiente”, disse um dos entrevistados.
As previsões indicam que um dos principais desafios da Gen Beta será justamente lidar com o dinheiro – ou a falta dele: 61% acreditam que essa geração enfrentará maiores dificuldades financeiras do que as anteriores. “Haverá muito mais instabilidade e mudanças na vida profissional das pessoas ao longo de toda a sua carreira”, afirma Juliet Schor, economista do Boston College e uma das especialistas ouvidas pelo estudo. Isso não vale apenas para os Estados Unidos.
Cerca de 86% dos entrevistados acreditam que os novos profissionais terão empregos que ainda não foram inventados. “O bombardeio constante de informações e a rapidez das mudanças no mundo atual apontam que a Geração Beta vai buscar carreiras menos tradicionais”, analisa Amanda Paiva, diretora sênior da consultoria Korn Ferry.
De acordo com a pesquisa, que revisou mais de 100 relatórios e 20 livros sobre tendências, além de realizar entrevistas com especialistas, as áreas que devem ganhar destaque entre os futuros profissionais são cibersegurança, reversão das mudanças climáticas e integração entre humanos e tecnologia. “A sobrevivência e a segurança da espécie humana são algumas das maiores preocupações da Geração Z e, possivelmente, também da Beta”, afirma Lucas Oggiam, diretor-executivo da Michael Page. “Podemos imaginar que empregos que tenham esse ‘apelo’ podem atrair a nova geração de alguma forma.”
A flexibilidade exigida pela Gen Z hoje também deve ser herdada como impacto real para os profissionais da Geração Beta: 74% das pessoas preveem uma jornada de trabalho com menos de cinco dias por semana. “Se antes a felicidade profissional estava no crachá, agora está na liberdade de escolher onde, como e com quem trabalhar”, explica Ricardo Dalbosco, autor best-seller e palestrante sobre futuro do trabalho.
O novo modelo de aposentadoria da Geração Beta
Para os profissionais do futuro, a aposentadoria será menos sobre se afastar do trabalho e mais sobre abraçar fases de vida flexíveis e orientadas por propósito. Um dos fatores que devem ditar a vida profissional da Geração Beta são as micro-aposentadorias.
A tendência começou a surgir com a Gen Z, mas deve ganhar ainda mais força no futuro, uma vez que a aposentadoria tradicional tem se tornado uma realidade cada vez mais distante. Segundo a pesquisa, 66% dos entrevistados acreditam que a aposentadoria será fluida, com profissionais entrando e saindo constantemente de períodos sabáticos. “A aposentadoria será coisa do passado. As pessoas poderão tirar períodos sabáticos sem esperar até que estejam aposentadas”, disse uma das entrevistadas pelo estudo.
Enquanto isso, a aposentadoria tradicional vai ganhar novos desafios: 72% das pessoas preveem que a idade mínima para se aposentar será aumentada. A pesquisa também aponta que a Geração Beta precisará de cerca de US$ 1,88 milhão (R$ 10,7 milhões) para se aposentar confortavelmente, mas muitos não conseguirão atingir essa meta.
Apesar dos pontos levantados, a nova geração ainda tem tempo para mudar e apontar novos caminhos profissionais. “Em alguns anos, poderemos avaliar com precisão o que essa nova geração acrescentou ao mundo”, diz Oggiam, da Michael Page.
Ainda há muito a se descobrir sobre a Geração Beta, que começou a nascer neste ano, mas uma coisa é certa: eles terão as ferramentas e as oportunidades para reinventar o futuro do trabalho – e talvez até do mundo. “É uma geração de possibilidades”, afirma Kimberly Bryant, fundadora da Black Girls Code e uma das especialistas ouvidas pelo estudo. “Eles terão acesso a ferramentas e oportunidades para criar um planeta muito diferente de tudo o que já vimos e vivenciamos.”
O post Como a Geração Beta Vai Transformar o Futuro do Trabalho? apareceu primeiro em Forbes Brasil.