A doença isquêmica do coração (DIC), como angina, infarto, doença arterial coronariana e cardiomiopatias, é a principal causa de morte no país. Ela vem diminuindo nos últimos 20 anos, porém com uma velocidade menor entre as mulheres do que entre os homens: no sexo feminino, a taxa de mortalidade teve queda de 58,7% para 52,3% e, no masculino, de 52,5% para 46,6%.
Os dados constam do Posicionamento sobre Doença Isquêmica do Coração – A Mulher no Centro do Cuidado, que também apurou que as mulheres são mais vitimadas pelo infarto na ausência de obstrução arterial coronária, conhecido pela sigla MINOCA (Myocardial Infarction and Nonobstrutive Coronary Arteries). Outro achado é a significativa mortalidade feminina durante a Cirurgia de Revascularização do Miocárdio (RVM), indicada quando há artérias obstruídas, criando-se um novo caminho para o sangue chegar ao coração. As pacientes submetidas ao procedimento apresentam mais complicações pós-operatórias na comparação com os homens, sendo que as mais jovens, abaixo dos 50 anos, têm três vezes mais risco de morrer.
“Ao analisarmos a saúde cardiovascular pelas regiões do Brasil notamos disparidades provavelmente ocasionadas pela disponibilidade ou falta de recursos e tratamentos”, conta a presidente da SOCESP, Maria Cristina Izar. Um exemplo é a taxa de infartos agudos fatais no país, que diminuiu 44% nos últimos 20 anos, mas não foi regionalmente igualitária: no Sul a queda foi de 85%, no Sudeste de 68%, no Centro-Oeste de 35%, no Nordeste houve alta de 11% e no Norte elevação de 5%. Entre as mulheres que viviam nas capitais, a diminuição das ocorrências de infarto foi de 49% enquanto nas demais cidades a queda foi de apenas 23%.
Tratamento e prevenção – As pesquisas analisadas no Posicionamento revelam que menos de 50% tomam remédio quando prescrito. E as condições tradicionais que predispõem à DIC, como hipertensão, obesidade, colesterol elevado, diabetes, tabagismo e sedentarismo, são mais evidentes nas mulheres diagnosticadas com a doença em relação aos homens. “Também observamos outros fatores de risco mais prevalentes no sexo feminino como estresse, depressão e doenças autoimunes”, explica a cardiologista. Mulheres ainda estão exclusivamente sujeitas a doença hipertensiva da gestação, diabetes gestacional e aos efeitos colaterais do tratamento do câncer de mama.
Maria Cristina Izar destaca que o acúmulo de funções e o excesso de preocupações com a família tendem a fazer com que as mulheres se coloquem em segundo plano quando o assunto é saúde. “Outro agravante é que são elas as maiores vítimas das desvantagens sociais devido à raça, etnia e renda, circunstâncias que chegam a impedir a busca por tratamento ou até para atenção aos sintomas”, completa.
Pela passagem do Dia Internacional da Mulher, em 8 de março, a SOCESP promove uma campanha de alerta e conscientização sobre os fatores de risco para o coração com postagens em mídias sociais, material de orientação no site, publicação de e-books gratuitos com informações nutricionais, entrevistas com especialistas, podcasts, entre outros.