Lustre de cristal passa por limpeza 

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Foi com zelo e reverência que os funcionários do Theatro Pedro II – terceiro maior teatro de ópera do Brasil, referência histórico-cultural para a região de Ribeirão Preto – acompanharam nesta quinta-feira, 29 de fevereiro, a descida, para limpeza e manutenção, do lustre de cristal Gota d’Água”, obra de arte de Tomie Ohtake (1913-2015), artista plástica japonesa naturalizada brasileira. 
 
A peça é uma das mais importantes do teatro e foi instalada no centro do teto quando o prédio foi restaurado, na década de 1990. O prefeito Duarte Nogueira (PSDB) acompanhou de perto a descida do lustre, ao lado do presidente da Fundação Dom Pedro II, Nicanor Lopes. O serviço costuma ser concluído em três dias.  
 
O objeto será içado até sábado (2), quando a Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto abrirá a temporada 2024 da série Concertos Internacionais. A operação ocorre quando o Theatro Pedro II está em recesso. Com 1.400 quilos e medindo 2,7 metros de altura por 2,2 metros de largura, todo o trabalho será concluído após a limpeza de todas as lâminas de cristal e da troca de 68 lâmpadas halógenas.  
 
A cúpula também passará por limpeza e revisão da parte elétrica antes de ser içado novamente ao teto. Este trabalho deve ser feito próximo do solo para evitar acidentes com os funcionários e com a peça de arte. Em 2014, a Fundação Dom Pedro II investiu R$ 40 mil em uma talha elétrica para “baixar” o lustre.  
 
O objeto é um dos símbolos da reinauguração do Theatro Pedro II, em 19 de junho de 1996, após passar 16 anos fechado devido a um incêndio em julho de 1980. Desenhado por uma das principais artistas plásticas do Brasil, o lustre de cristal “Gota D’Água” é coberto por uma cúpula de gesso estrutural, com a fixação de lâmpadas especiais que fazem suas luzes passar por entre os recortes, criando um efeito escultural único.  
 
No formato de uma gota d’água, a obra-prima de Tomie Ohtake pesa quase uma tonelada e meia e remete ao incêndio, assim como o desenho do teto (uma alusão às labaredas que lamberam o teto original), que também foi projetado pela artista, que na ocasião da restauração escalou andaimes para fazer os desenhos a lápis na base de gesso que antecedeu a versão definitiva. 
 
O Pedro II é o terceiro maior teatro de ópera do Brasil e referência histórica cultural para a região, assim como para todo o país. O prédio é tombado como Patrimônio Cultural pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat) e as obras são necessárias para preservação de suas características originais.  
 
O Theatro Pedro II vai completar 94 anos em 8 de outubro. É o palco principal da Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto (Osrp). Foi construído entre 1928 e 1930 a pedido do advogado João Alves Meira Júnior, um dos fundadores da Cia. Cervejaria Paulista.  
 
O projeto foi elaborado pelo arquiteto Hippolyto Gustavo Pujol Júnior, e a parte estrutural da construção coube à empresa alemã Kemmitz. Em 15 de julho de 1980, durante a exibição do filme “Os Três Mosqueteiros Trapalhões”, um incêndio destruiu a cobertura, o forro do palco e grande parte do interior, incluindo-se o teto. 
 
Na fase de reforma, a cúpula metálica da plateia principal foi reconstruída pela artista plástica Tomie Ohtake e a caixa cênica foi rebaixada em seis metros. Foi criado um subsolo com mais dois níveis: espaços para serviços de apoio artístico, oficina de cenário, carpintaria e almoxarifado técnico. Os ferros retorcidos na cúpula do teatro são uma alusão às chamas do incêndio de 1980, ideia de Tomie Ohtake. 
 
 





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