A Rússia e Israel têm tradicionalmente desfrutado de uma convivência cordial, mas as relações azedaram após a invasão da Ucrânia por Vladimir Putin —- que foi condenada por Tel Aviv — e mais recentemente após o ataque do Hamas, em 7 de outubro do ano passado.
O Hamas é apoiado pelo Irã — o aliado próximo da Rússia — colocando Moscou em uma posição complicada no Médio Oriente. Nos últimos meses, no entanto, os russos se tornaram abertamente críticos da operação militar de Israel em Gaza.
A diplomacia é um bom termômetro sobre as relações entre dois países. Nesta segunda-feira (5), a auferição mostrou que as temperaturas estão ainda mais elevadas entre israelenses e russos.
Isso porque a nova embaixadora de Israel na Rússia, Simona Halperin, foi convocada pelo Ministério das Relações Exteriores russo após o que Moscou descreveu como “declarações inaceitáveis”.
“Em conexão com declarações públicas inaceitáveis do embaixador israelense, distorcendo as abordagens da política externa russa e as realidades históricas, Halperin será convocada ao Ministério das Relações Exteriores”, disse o ministério à agência de notícias Tass.
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O que a embaixadora de Israel falou, afinal?
Halperin concedeu uma entrevista ao jornal Kommersant e pareceu criticar o que considerou uma subestimação do Holocausto por parte do ministro das Relações Exteriores da Rússia.
A embaixadora disse que a Rússia não tem no calendário oficial o Dia Internacional em Memória do Holocausto. Ela também reafirmou a oposição de Israel à invasão da Ucrânia e à política de Moscou para o Médio Oriente.
Em resposta à entrevista, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia disse que os comentários eram “um início extremamente malsucedido para uma missão diplomática, que deveria ter como objetivo desenvolver relações bilaterais no interesse dos povos dos dois países”.
“É particularmente revoltante que a embaixadora israelense fale de forma desrespeitosa sobre os esforços que a Rússia está fazendo nos contatos destinados a ajudar a resolver o destino dos reféns [israelenses]”, disse o ministério russo.
O governo questionou ainda a tese de que o Holocausto é o extermínio apenas do povo judeu, argumentando que contradiz a resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU).
“E as reflexões sobre a necessidade de mudanças, como disse Halperin, no ‘calendário oficial’ da Rússia, beiram a interferência nos assuntos internos”, acrescentou o ministério.
*Com informações da Tass e da CNBC