Os maiores tropeços de carreira de 2023
Os maiores tropeços de carreira de 2023 envolvem quebra de banco e conselhos de administração se desculpando
Num ano marcado por demissões em massa, incerteza econômica e investidores ansiosos, muitos enfrentaram um revés após anos de dinheiro fácil. Mas algumas carreiras foram interrompidas por motivos mais pessoais – e os fatores envolvidos em alguns tropeços de carreira foram mais extraordinários do que o habitual em 2023.
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Alguns dos nomes abaixo causaram sua própria queda. Outros tropeçaram por razões mais ambíguas: fraco desempenho, falta de fé na sua liderança ou alegações que ainda não foram provadas. Eles podem provar ser resilientes e encontrar sucesso em outro lugar, ou até mesmo recuperar a relevância que antes tiveram. As ressurreições de carreira são uma forma de arte que os norte-americanos, em particular, celebram frequentemente. Afinal, no fracasso há lições para o sucesso.
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San Francisco Chronicle / Getty Images Scott Adams, cartunista e autor de “Dilbert”
Adams nos diverte desde 1989 quando estreou uma tirinha sobre a vida no escritório chamada “Dilbert”. Em 2023, Adams esteve envolvido em polêmica ao fazer um discurso racista, sobre pessoas negras serem um grupo de ódio, durante uma transmissão ao vivo no YouTube. Não foi a primeira vez que Adams teve falas racistas, mas foi a última gota para os mais de 200 jornais que distribuíam sua tirinha. (Dilbert era publicado em cerca de dois mil jornais em seu auge.) Adams também foi dispensado por sua editora e perdeu outros contratos este ano. Com o lançamento do Dilbert Renascido em um site de assinaturas, ele continua a produzir o que se tornou uma tirinha amarga e sem graça. Enquanto pode ter encontrado conforto em atender às pessoas que compartilham suas opiniões, ele perdeu renda e um lugar nos holofotes. Uma reviravolta triste para um homem que fez tantas pessoas rirem.
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REUTERS/Dado Ruvic/Ilustração Conselho da OpenAI
Primeiro, o conselho da OpenAI demitiu de surpresa o CEO Sam Altman por uma suposta falta de coerência, um ano após o lançamento do ChatGPT. Isso provocou uma debandada de funcionários e um impasse com a Microsoft, maior acionista da startup de IA, que anunciou que contrataria Altman. Em questão de dias, Altman emergiu triunfante para recuperar seu trono. Os perdedores: o conselho sem fins lucrativos de 6 pessoas da OpenAI, encarregado da difícil tarefa de garantir que sua tecnologia “beneficie toda a humanidade”, enquanto Altman, CEO e membro do conselho, construía um negócio apoiado por US$13 bilhões da Microsoft. O fato de ele e o presidente do conselho, Greg Brockman, terem sido pegos de surpresa pela demissão foi uma prova de falha na comunicação. O fato de o Cientista Chefe Ilya Sutskever ter demitido Altman e depois expressado arrependimento publicamente foi uma prova do caos. Enquanto Tasha McCauley, da RAND Corporation, e Helen Toner, da Georgetown University, deixaram o conselho, Adam D’Angelo, CEO do Quora, permanece. Com o ex-Secretário do Tesouro Larry Summers e o empresário Bret Taylor, esse “conselho inicial” de três homens agora está encarregado de formar um conselho diversificado que possa governar sem causar estragos. Aguardemos.
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Divulgação Binance Changpeng Zhao, ex-CEO, Binance
Changpeng Zhao, conhecido como CZ, levou a Binance de uma oferta inicial de moeda de US$15 milhões para uma exchange de criptomoedas que facilitou US$5,3 trilhões (R$ 26 trilhões) em negociações em 2022 e lhe conferiu um patrimônio líquido de US$65 bilhões (R$ 319,15 bilhões). No caminho, o engenheiro de computação formado em McGill também construiu um ímã para lavagem de dinheiro, atraindo facilidade de acesso e fraca supervisão, de acordo com reguladores. Por fim, isso provocou acusações criminais, com Zhao se declarando culpado por violar as leis contra lavagem de dinheiro dos EUA, e a Binance concordando em pagar uma multa de US$ 4,3 bilhões (R$ 21,15 bilhões) pelas acusações do Departamento de Justiça dos EUA. Zhao também foi condenado a pagar US$150 milhões (R$ 736 milhões), com mais US$ 2,7 bilhões (R$13,25 bilhões) da Binance, para resolver acusações da Comissão de Negociação de Contratos Futuros e Commodities dos EUA. Agora, o fundador da Binance deve voltar ao tribunal em fevereiro para enfrentar a sentença por seus crimes. Embora tenha concordado em não recorrer de uma sentença limitada a 18 meses ou menos, os promotores podem buscar mais tempo de prisão. Com uma plataforma que ainda processa bilhões de dólares em negociações de criptomoedas a cada dia, Zhao permanece uma figura poderosa em uma indústria onde fortunas podem subir e cair com velocidade meteórica.
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Washington Post via Getty Images George Santos (Replublicano – Nova York), ex-deputado dos EUA
Assim foi a eleição de Santos para o Congresso em novembro de 2022: ele tirou seu distrito de N.Y. dos democratas e venceu a primeira disputa eleitoral direta entre dois candidatos congressistas abertamente gays. Mas o lugar de Santos nos livros de história agora está reservado por razões muito diferentes. O mentiroso serial, que enfrenta um processo federal de 23 acusações, foi expulso do cargo em dezembro, tornando-se o primeiro congressista a ser destituído sem uma condenação criminal ou ter lutado pelos Confederados (na época da Guerra Civil nos EUA). Suas mentiras são lendárias e labirínticas, incluindo informações falsas sobre sua educação, história profissional e até suas propriedades imobiliárias. Outras acusações vão desde seu histórico religioso até o fato de sua mãe estar no World Trade Center no 11 de setembro. Santos admitiu algumas mentiras, mas negou qualquer má conduta. Até o momento, estava envolvido em negociações de um acordo com a promotoria, bem como nesse passatempo favorito de figuras públicas em desgraça: gravar vídeos por US$500 (R$ 2,5 mil) cada.
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BLOOMBERG VIA GETTY IMAGES Greg Becker, ex-presidente e CEO, SVB Financial Group
Becker assumiu o cargo de CEO no Silicon Valley Bank em 2011 e surfou uma onda de crescimento à medida que as startups de tecnologia prosperavam. Em 2015, ele disse ao Comitê Bancário do Senado que bancos de médio porte como o dele não apresentavam o mesmo risco sistêmico que os grandes bancos e, portanto, deveriam ser isentos das regulamentações onerosas. Ele estava errado. O banco, dependente de clientes focados em startups e tecnologia que enfrentavam crescente cautela dos investidores à medida que o Federal Reserve aumentava as taxas de juros, havia comprado títulos do governo em uma era de taxas baixas, deixando-o com acentuadas quedas no valor dos títulos e pouco em termos de proteção contra taxas de juros, conforme relatou o Wall Street Journal. Em março, enfrentou uma histórica corrida por retiradas antes de ser apreendido e fechado pelos reguladores. Enquanto isso Becker culpava diversos fatores e pessoas pela queda de seu banco, após renunciar em abril. Em uma audiência do Comitê Bancário do Senado ele disse que estava “verdadeiramente arrependido” pelo colapso que desencadeou a pior crise bancária em 15 anos.
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GETTY IMAGES Rosalind Brewer, ex-CEO, Walgreens Boots Alliance
Roz Brewer conseguir um cargo de CEO era uma questão de quando, não de se. Antes de assumir o cargo mais alto na hierarquia da Walgreens Boots Alliance em março de 2021, a então diretora de operações da Starbucks havia sido considerada uma possível sucessora na gigante do café. Ocupou o cargo de CEO no Sam’s Club do Walmart e foi uma presença constante em várias listas de mulheres mais poderosas. No entanto, menos de três anos depois, a Walgreens estava procurando um novo CEO, depois que Brewer e o conselho “concordaram mutuamente” em se separar no início de setembro. Essa decisão seguiu uma redução na meta de ganhos durante o verão, dificuldades com escassez de pessoal – que reduziram as horas das farmácias funcionando – e uma queda acentuada no preço das ações. No início de dezembro, a Walgreens era a pior ação do Dow Jones Industrial Average de 2023 e caiu cerca de 48% durante sua gestão, em comparação com cerca de 5% para sua concorrente CVS no mesmo período.
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Fornecido pela Charlie Javice Charlie Javice, fundadora, Frank
A Forbes colocou Javice como uma de suas estrelas em ascensão Under 30 em 2019. A startup badalada de ajuda financeira para universitários que ela fundou seria adquirida pelo JPMorgan Chase por US $175 milhões em 2021. Mas em 2023 estávamos arrependidos do status que demos à Javice, depois que o banco apresentou uma ação alegando que ela havia criado uma enorme lista de clientes falsos. A Comissão de Valores Mobiliários dos EUA a acusou de fraude em abril, relacionada à venda para o JPMorgan. Javice tem se defendido, movendo sua própria ação contra o JPMorgan, se declarando inocente e alegando que o JPMorgan deixou de produzir “provavelmente milhares” de documentos que poderiam beneficiar sua defesa. Em novembro, o juiz marcou uma data de julgamento para 2024 e disse que os promotores devem exigir que o JPMorgan Chase produza mais evidências.
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CNN Via Getty Images Chris Licht, ex-presidente e CEO, CNN
Em 2022, Licht passou de produtor executivo do “Late Show With Stephen Colbert” para a cadeira de CEO na CNN, sem nunca ter dirigido algo tão vasto ou complexo como uma rede de TV global, mas foi escolhido a dedo por David Zaslav, chefe da Warner Bros. Discovery. Embora tenha prometido transformar a CNN em uma plataforma para telespectadores cansados da polarização das notícias a cabo, ele rapidamente enfrentou quedas de audiência, um escândalo com Don Lemon e críticas generalizadas por uma reunião cheia de mentiras com o ex-presidente Donald J. Trump. Então, em um épico e inexplicável desastre de relações públicas, a revista The Atlantic publicou um perfil devastador do CEO, que havia dado horas de entrevista ao seu escritor, Tim Alberta. A história esteve entre as mais lidas e fez com que ele perdesse a confiança da redação da CNN. Dias depois, Licht foi demitido após apenas 15 meses no comando.
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Washington Post Via Getty Images Liz Magill, presidente, Universidade da Pensilvânia, e Claudine Gay, presidente de Harvard
Liz Magill não foi a única presidente da universidade que se atrapalhou em seu depoimento perante o Congresso dos EUA no início de dezembro. A presidente de Harvard, Claudine Gay, e a presidente do MIT, Sally Kornbluth, também gaguejaram ao explicar como estavam lidando com um aumento de antissemitismo no campus. E também foram forçadas a se desculpar por respostas estranhamente evasivas quando questionadas se disciplinariam estudantes que pediam o genocídio de judeus. Magill perdeu o emprego. E Gay, que também está enfrentando acusações de plágio, acaba de renunciar.
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Patric McMullan via Getty Images Marc Tessier-Lavigne, ex-presidente, Universidade Stanford
Não é todo dia que o trabalho de um jornalista estudantil ajuda a derrubar um presidente da Ivy League. Mas após uma reportagem do Stanford Daily, dirigido por estudantes, que começou por discussões em um site de crowdsourcing, levar a uma revisão independente de seu trabalho científico, a Universidade de Stanford anunciou em julho que seu presidente renunciaria, retratando vários artigos de pesquisa com várias décadas. A revisão independente disse que a alegação mais séria de fraude “parece estar equivocada” e que Tessier-Lavigne “não se envolveu pessoalmente em má conduta de pesquisa” nos artigos revisados. Mas encontrou falhas significativas em alguns estudos feitos por membros de seu laboratório. A saída de Tessier-Lavigne não foi a única onde a reportagem estudantil desempenhou um papel este ano: no meio de 2023, a Northwestern University demitiu o treinador de futebol americano Pat Fitzgerald após o jornal estudantil relatar alegações de trote. (Fitzgerald negou conhecimento do trote e apresentou sua própria ação alegando demissão injusta.)
Scott Adams, cartunista e autor de “Dilbert”
Adams nos diverte desde 1989 quando estreou uma tirinha sobre a vida no escritório chamada “Dilbert”. Em 2023, Adams esteve envolvido em polêmica ao fazer um discurso racista, sobre pessoas negras serem um grupo de ódio, durante uma transmissão ao vivo no YouTube. Não foi a primeira vez que Adams teve falas racistas, mas foi a última gota para os mais de 200 jornais que distribuíam sua tirinha. (Dilbert era publicado em cerca de dois mil jornais em seu auge.) Adams também foi dispensado por sua editora e perdeu outros contratos este ano. Com o lançamento do Dilbert Renascido em um site de assinaturas, ele continua a produzir o que se tornou uma tirinha amarga e sem graça. Enquanto pode ter encontrado conforto em atender às pessoas que compartilham suas opiniões, ele perdeu renda e um lugar nos holofotes. Uma reviravolta triste para um homem que fez tantas pessoas rirem.
