As atas secretas da Câmara Municipal de Ribeirão Preto retratam as sessões realizadas entre as décadas de 1940 e 1970. Elas se tornaram públicas no dia 5 de agosto de 1998. Estavam dentro de um cofre, em 22 envelopes que continham atas de 23 reuniões secretas.
Um dos envelopes, por exemplo, guardava atas de duas sessões. O documento, que ficou 50 anos trancado dentro de um cofre da Câmara, revela que o então vereador Aparecido Araújo (do então PSD) foi preso em flagrante por um delegado, no final de 1947, quando participava de protestos junto com grevistas da indústria Matarazzo.
Ele participou do protesto motivado pelo atraso no pagamento do abono de Natal dos trabalhadores e foi preso sob a alegação de ter “desacatado a autoridade policial”. O então vereador pagou fiança e foi liberado. A ata da sessão mostra ainda que o pedido de cassação do vereador, impetrado na ocasião no Legislativo e negado por 20 votos contra um.
Já em 1964 o vereador Pedro Augusto de Azevedo Marques (PSB) foi cassado, acusado de ser comunista. A cassação, também foi votada em sessão secreta e se tornou pública após a abertura dos envelopes.
Já em outra sessão secreta realizada no dia 22 de março de 1948, foi analisada a proposta de suborno recebida pelo vereador Rubens Moreira (do extinto PSP) para manter um cassino com jogos de roleta no subsolo do Teatro Pedro II.
De acordo com a transcrição das palavras do vereador na ata, ele teria recebido a proposta durante uma viagem de trem. O nome da pessoa que teria tentado o suborno está ilegível, pois a ata foi manuscrita na época.
Outros assuntos que motivaram a realização de atas secretas foram desentendimentos entre parlamentares, votação de Orçamento da Prefeitura, um convênio entre a administração municipal com uma concessionária de água e esgoto, além de repreensão a vereadores que costumavam usar armas durante as sessões. Grande parte dos envelopes abertos possuem atas manuscritas, que dificultam a leitura. Todo material, em função do tempo, está muito desgastado.