Como Pude Deixar Escapar o Emprego dos Meus Sonhos?

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Outubro rosa

ChatGPT

Às vezes precisamos escolher, e eu escolhi não abrir mão da vida dos meus sonhos

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Toda escolha é também uma renúncia.

Depois de cinquenta minutos daquela entrevista, eu sentia que era a profissional certa, no momento certo, para aquela posição. Mentalmente, já me via transformando a vida de tantas pessoas. Até que veio a frase que me roubou o ar: “Você precisará estar em Madrid dois dias por semana.”

Francamente! Esse tipo de informação me faria liberar hormônios que nem Freud explicaria, se tivesse sido dita pela mesma headhunter há cinco anos, ou daqui a cinco anos.

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Acontece que, ao escolher um caminho, todos os outros deixam de existir.

Minha família e eu nos mudamos para Portugal há dois anos, depois que fui diagnosticada com câncer de mama em outubro de 2022. Acho no mínimo curioso receber uma proposta tão tentadora justamente em um “Outubro Rosa”, mês que simboliza a importância da prevenção, do diagnóstico precoce e do tratamento do câncer de mama, o tipo de câncer mais comum entre as mulheres no mundo.

A cada minuto, quatro mulheres são diagnosticadas com câncer de mama, e uma delas não sobrevive, de acordo com a ONU Mulheres.

Eu sobrevivi.

Nunca imaginei encontrar tantas qualidades em uma proposta de trabalho como a que María me apresentou. A posição C-Level, a remuneração, o projeto, a missão, o propósito. Tudo ali parecia mais um conto de fadas da mulher moderna.

Mas eu sei exatamente o que quero para a minha vida neste momento, e a resposta veio pausada, serena e sonora: “No puedo, gracias.” (Não posso, obrigada.)

Justamente o que seria a cereja do bolo, uma ponte aérea semanal para “De Madrid ao céu” (expressão secular usada para definir a cidade de Madrid, na Espanha, como o único lugar melhor do que o céu), virou o motivo para recusar a proposta de ir para uma fase final com o presidente de um dos maiores e mais influentes fundos de private equity da Europa, dono da empresa em questão.

Não sei você, mas eu, que não acredito no acaso, achei no mínimo simbólico receber essa proposta justamente na semana em que fui convidada pela brilhante neurologista Dra. Tatiane Barros para compartilhar minha experiência com o câncer de mama em um evento do grupo Mulheres do Brasil Lisboa. Foi a primeira vez que falei sobre o assunto para tantas mulheres.

Comecei contando sobre o medo que tive de morrer e deixar minhas filhas desamparadas. Compartilhei a jornada que vivi e que deu origem ao artigo que escrevi para esta mesma coluna, intitulado “Eu curei meu câncer. Ou foi ele que me curou?”. Testemunhei que havia entendido o chamado (ou, mais precisamente, uma intervenção divina), e que ganhara uma segunda chance e deveria vivê-la honrando a minha missão.

Um parêntese necessário: eu já queria ser mãe desde os dez anos de idade. Passei por três abortos espontâneos e demorei mais de dois anos para, enfim, segurar uma filha nos braços. Não consigo pensar em dias mais felizes na minha vida do que os nascimentos da Manuela e da Isadora.

Claro que eu também quis, e quero, ser uma profissional bem-sucedida e realizada. A questão é que, às vezes, precisamos escolher.

Daqui a dois anos, a Manu vai para a universidade, em outro país. E a única certeza que tenho é que ela nunca mais vai morar conosco. Isso é maravilhoso, porque criar filhos independentes e autônomos é o maior desejo de qualquer mãe e pai.

Portanto, a minha escolha hoje é investir no que sei que não tem volta: nos momentos extraordinários do dia a dia com elas e na simplicidade do nosso cotidiano juntas. É no pequeno que mora o sagrado.

Outra certeza que tenho: surgirão novas oportunidades de trabalho tão boas quanto, ou melhores, que a que declinei.

E como eu sei disso?

Leva tempo para reconhecer o seu valor. Passei anos decifrando o que torna uma marca única. Hoje, consigo entender que conhecimento, intuição, resiliência e maturidade são o meu grande diferencial.

No final da palestra do Outubro Rosa, Pipa, uma nova amiga que fiz aqui em Lisboa, e que está num momento de transição de carreira, como tantas outras mulheres, me disse: “Foste a minha luz. Um daqueles sinais que não podemos ignorar. Andava a culpar-me por algo que não fazia sentido.”

Enfim, percebi que não deixei escapar o emprego dos meus sonhos. Eu apenas escolhi não abrir mão da vida dos meus sonhos.

O tempo não leva nada. Ele apenas devolve. Devolve o que escolhemos ser e o que tivemos coragem de deixar para trás.

Eu sei que, se não tivesse vivido tão intensamente um câncer e visto a morte tão de perto, a minha decisão poderia ter sido diferente. Por isso, me sinto grata e entusiasmada pelo que vem pela frente.

Entusiasmo vem do grego enthós, que significa “com Deus”. É aquela sensação de que algo maior se move dentro da gente.

P.S.: Há várias pesquisas, livros e relatos de enfermeiros paliativistas, médicos e psicólogos que confirmam: no leito de morte, ninguém nunca menciona dinheiro, trabalho, prêmios ou status. E eu posso confirmar. Na EQM (experiência de quase morte) que tive no dia seguinte à mastectomia completa, foram as minhas filhas que me trouxeram de volta.

*Luciana Rodrigues é conselheira do board da Junior Achievement, membro do conselho da Iniciativa Empresarial pela Igualdade e do comitê estratégico de presidentes da Amcham. Também é aluna de pós-graduação em neurociências e comportamento.

Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião de Forbes Brasil e de seus editores.





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