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A aviação brasileira vive um período de aquecimento. Só em agosto, mais de 8,7 milhões de passageiros voaram em rotas domésticas, o melhor resultado da série histórica, segundo a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). No cenário internacional, o crescimento foi de quase 13% em relação ao mesmo mês de 2024.

Nesse contexto, e após concluir o processo de recuperação judicial nos Estados Unidos conhecido como Chapter 11, a Gol deve contratar, em média, um piloto por dia até o fim de 2025.

O plano prevê a entrada de cerca de 30 copilotos por mês para dar conta da maior expansão de malha da história da companhia. “Esse movimento acompanha o nosso crescimento”, afirma o CEO, Celso Ferrer. “Vamos realizar a maior alta temporada de verão da nossa história.” Com 13,9 mil colaboradores e uma frota de 139 aeronaves, a companhia terá mais de 65 mil voos e 12 milhões de assentos disponíveis entre dezembro e fevereiro.

Crescimento e desafios do setor

Em 2024, a Gol se tornou a segunda companhia aérea brasileira a buscar proteção judicial nos Estados Unidos para reestruturar suas finanças, em meio a atrasos na entrega de aeronaves e impactos da pandemia. A empresa encerrou esse processo em junho. “A companhia concluiu as etapas na corte americana e emergiu desse processo de reestruturação mais forte e competitiva”, diz Jean Carlo Nogueira, Chief People Officer da companhia. Na última semana, a Gol também encerrou as negociações com a Azul para a fusão que criaria a maior companhia aérea do país.

Agora, a Gol aposta na ampliação da oferta doméstica e internacional para sustentar o crescimento nos próximos cinco anos. Só no primeiro semestre de 2025, a malha internacional cresceu 62,1%, com a inauguração de rotas para destinos como Cancún, Aruba e Caracas, além de conexões inéditas como Belém-Miami e Rio de Janeiro-Mendoza. A meta é que um quarto de toda a operação seja internacional até 2030.

Entre os desafios do setor, analistas destacam a volatilidade econômica do Brasil e os preços do combustível de aviação, que superam a média global. “Precisamos (o setor aéreo) de uma agenda mais estruturante para resolver o setor a longo prazo. O que eu coloquei no meu plano é um crescimento, sim, mas se a gente olhar para o potencial que tem o Brasil, ele poderia ser muito maior”, disse Ferrer à Reuters em junho.

A companhia planeja maximizar a capacidade das aeronaves, mantendo os custos baixos, para recuperar a escala pré-pandemia até 2026. “Nossa meta é atingir a capacidade que tínhamos em 2019 até 2026. Portanto, só depois de sete anos é que retornaremos ao tamanho que tínhamos no mercado doméstico”, disse o CEO. “Durante a crise, tivemos até 30 aeronaves paradas e teremos zero até o primeiro trimestre de 2026.”

Mais voos, mais pilotos

Com o aumento do número de voos, cresce também a demanda por tripulação. Entre setembro e dezembro de 2025, a Gol deve contratar 120 novos copilotos, além de manter o ritmo de promoções internas. Neste ano, 116 profissionais foram elevados a comandantes após mais de uma década de carreira. O processo inclui provas técnicas e comportamentais, simuladores, 100 horas de voo supervisionado e avaliações da Anac.

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Pilotos da GOL durante cerimônia de elevação de nível, que formou 29 novos comandantes

“Sabemos que essa é uma das carreiras mais almejadas do mundo e queremos abrir caminhos para que novas trajetórias decolem”, afirma Nogueira. De fato, a carreira de piloto no topo da lista de profissões dos sonhos, não apenas no Brasil, mas globalmente, segundo a plataforma de currículos Resume.io.

O executivo também cita as iniciativas da companhia aérea para atrair e reter tantos. “O mercado de aviação no Brasil está claramente aquecido, e queremos mostrar que somos uma empresa de oportunidades”, diz, citando a Academia de Águias, com mais de 800 cursos técnicos e de liderança, e a “Escala Mãe”, que flexibiliza a rotina de tripulantes durante a maternidade. “O engajamento do time é o que nos permite crescer de forma sustentável.”