
A maioria dos americanos teme que os avanços da inteligência artificial possam deixá-los permanentemente sem emprego, segundo uma nova pesquisa Reuters/Ipsos, realizada ao longo de seis dias e concluída na segunda-feira (18). No levantamento, 71% dos entrevistados disseram estar preocupados com essa possibilidade.
A nova tecnologia surgiu no debate nacional no final de 2022, quando o chatbot ChatGPT da OpenAI foi lançado e se tornou o aplicativo de crescimento mais rápido de todos os tempos. Logo após, gigantes da tecnologia como Meta, proprietária do Facebook, Alphabet, do Google, e Microsoft, passaram a oferecer seus próprios produtos de IA.
Embora atualmente haja poucos sinais de desemprego em massa no país — a taxa de desemprego nos EUA era de apenas 4,2% em julho — a inteligência artificial está gerando preocupações à medida que transforma empregos, indústrias e a vida cotidiana.
Preocupações em torno da IA
Cerca de 77% dos entrevistados na pesquisa Reuters/Ipsos disseram estar preocupados que a tecnologia possa ser usada para incitar o caos político, um sinal de desconforto com o uso agora comum da IA para criar vídeos realistas sobre qualquer assunto ou pessoa.
No mês passado, o presidente Donald Trump postou nas redes sociais um vídeo gerado por IA do ex-presidente Barack Obama sendo preso, um evento que nunca aconteceu.
Os americanos também estão receosos quanto às aplicações militares da IA, mostrou o levantamento. Quase 50% dos entrevistados disseram que o governo jamais deveria usar IA para determinar o alvo de um ataque militar, em comparação com 24% que disseram que o governo deveria permitir esse tipo de uso da tecnologia. Outros 28% disseram não ter certeza.
O entusiasmo geral pela IA demonstrado por muitas pessoas e empresas impulsionou novos investimentos. Isso também redefiniu as políticas de segurança nacional, à medida que Estados Unidos e China disputam a liderança em inteligência artificial.
Mais da metade dos americanos — cerca de 61% — disseram estar preocupados com a quantidade de eletricidade necessária para alimentar a tecnologia de rápido crescimento.
No início deste mês, o Google informou que assinou acordos com duas concessionárias de energia elétrica dos EUA para reduzir o consumo de energia de seus data centers de IA durante períodos de alta demanda na rede, já que o uso intensivo da inteligência artificial supera o fornecimento de energia.
A nova tecnologia também foi criticada por aplicações que permitiram que robôs de IA mantivessem conversas românticas com crianças, gerassem informações médicas falsas e ajudassem as pessoas a fazer argumentos racistas.
Dois terços dos entrevistados pela pesquisa disseram temer que as pessoas passem a trocar relacionamentos humanos por parceiros de inteligência artificial.
Os americanos se dividiram ao ser questionados se a IA melhoraria a educação. Cerca de 36% dos entrevistados acreditavam que ajudaria, enquanto 40% discordavam e o restante não tinha certeza.
A pesquisa Reuters/Ipsos coletou respostas online de 4.446 adultos americanos em todo o país e teve uma margem de erro de cerca de 2 pontos percentuais.