O Que o Olhar dos Jovens Profissionais Revela sobre Desconexão no Trabalho

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Especialistas veem o “Gen Z Stare” como reflexo da falta de interações sociais durante os anos formativos da Geração Z

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Especialistas veem o “Gen Z Stare” como reflexo da falta de interações sociais durante anos decisivos para a formação da Geração Z

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Uma nova tendência entre os jovens da Geração Z  tem chamado a atenção no mundo do trabalho: o chamado “Gen Z stare”, ou o olhar da Geração Z. A expressão se refere a um olhar fixo, vazio e sem emoção, usado em situações sociais nas quais se esperaria uma reação verbal. Depois de viralizar no TikTok, esse comportamento começou a ser identificado em reuniões de trabalho e interações profissionais, despertando curiosidade e até desconforto entre colegas de outras gerações.

Embora muitos encarem o “olhar da Gen Z” como sinal de desinteresse, especialistas apontam que a tendência reflete mudanças mais profundas na cultura do trabalho, incluindo falhas na comunicação entre gerações e o crescente distanciamento da Geração Z em relação aos modelos tradicionais de escritório.

O que o olhar da Geração Z revela sobre desconexão geracional

Joe Galvin, diretor de pesquisas da Vistage, organização global de mentoria executiva, afirma que esse olhar fixo e ao mesmo tempo vago pode ser frequentemente interpretado de forma equivocada como desinteresse, apatia ou até desafio. “Assim como em tendências anteriores, como o quiet quitting (a demissão silenciosa), o ‘Gen Z stare’ é mais do que um termo viral. Não é um problema novo, mas persistente, que destaca uma crescente desconexão geracional na comunicação e nas expectativas dos colaboradores.”

Os profissionais mais jovens estão adotando uma nova abordagem em relação ao trabalho. Durante a pandemia, as telas substituíram o contato presencial para a Geração Z, privando-os de interações sociais normais em uma fase crucial do desenvolvimento. Como resultado, alguns especialistas acreditam que essa geração tem dificuldade em iniciar conversas informais ou interagir com pessoas desconhecidas, dentro e fora do trabalho.

De fato, a expressão “congelada” se assemelha a uma reação típica de trauma. Galvin afirma que o olhar da Geração Z é um sinal sutil de uma geração nativa digital, criada em meio a telas, conteúdo rápido e comunicação online. “Para muitos desses jovens, manter contato visual constante nem sempre representa atenção da mesma forma que para colegas mais velhos”, explica. “O que um gerente da geração Baby Boomer ou X pode interpretar como desinteresse pode ser a maneira da Geração Z de demonstrar que está ouvindo com atenção.”

Sujay Saha, presidente da Cortico-X, consultoria de inovação estratégica, concorda. “A Geração Z entrou no mercado de trabalho em uma era marcada por telas, distanciamento social e comunicação remota, e as empresas agora precisam fechar essa lacuna de experiência com processos de integração focados em empatia e suporte, não com julgamentos.”

Por que as empresas precisam entender o “Gen Z stare”

Tirar conclusões precipitadas pode prejudicar os jovens profissionais. Joe Galvin recomenda que líderes abandonem julgamentos apressados e observem com mais atenção como estão interpretando o comportamento dos funcionários. “Os membros da equipe estão realmente desengajados ou os líderes estão apenas se baseando em ideias ultrapassadas sobre como deve ser a atenção e a participação?”, questiona. “Será que eles estão criando um ambiente que favorece a comunicação aberta entre diferentes estilos e gerações?”

O executivo argumenta que o verdadeiro desafio está no abismo crescente entre comportamentos em evolução e as normas tradicionais do ambiente de trabalho. No cenário atual, com equipes multigeracionais, não existe uma definição única de engajamento. “Interpretar mal a linguagem corporal ou o estilo de comunicação pode gerar confusão e frustração desnecessárias, além de fazer com que oportunidades de conexão sejam perdidas.”

Para se conectar com a Geração Z, Sujay Saha recomenda o uso de pesquisas observacionais. A ideia é observar, por exemplo, como jovens funcionários em um restaurante de fast food interagem com clientes da mesma geração — identificando o que caracteriza uma interação autêntica sob a perspectiva de quem atende e de quem é atendido. Esses aprendizados podem, então, servir de base para desenvolver programas de treinamento mais eficazes.

Saha também defende uma mudança na forma como a reputação da Geração Z é percebida dentro das empresas. “Em vez de dizer que a Geração Z carece de direção ou propósito, ou que é difícil de lidar, é preciso reformular essa conversa e entender como o contexto único dessa geração pode ajudar a impulsionar as empresas em uma direção mais inovadora.”

Segundo Galvin, profissionais mais jovens prosperam em ambientes que priorizam autenticidade, flexibilidade, transparência e um propósito compartilhado. “Eles querem mentoria, não microgerenciamento. Valorizam um trabalho com significado, não apenas um salário”, diz. “Para engajar melhor a Geração Z, líderes devem cultivar uma cultura de diálogo aberto, estabelecer expectativas claras e estar dispostos a evoluir sua forma de liderança à medida que as novas gerações entram no mercado de trabalho e sobem na hierarquia.”

*Bryan Robinson é colaborador da Forbes US. Ele é autor de 40 livros de não-ficção traduzidos para 15 idiomas. Também é professor emérito da Universidade da Carolina do Norte, onde conduziu os primeiros estudos sobre filhos de workaholics e os efeitos do trabalho no casamento.





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