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Criar vínculos com colegas fora do ambiente corporativo pode parecer arriscado – especialmente para quem ocupa posições de liderança. Ainda que esses encontros possam fortalecer os laços e abrir caminhos para promoções, também podem resultar em interações constrangedoras e danos à reputação profissional. No entanto, um novo estudo de pesquisadoras da Marquette University, University of Delaware e New York University, publicado na Harvard Business Review, aponta um fator que faz toda a diferença: o local onde essas conexões acontecem.
Segundo a pesquisa, ambientes que reúnem quatro características específicas – flexibilidade, legitimidade social, virtuosidade e senso de diversão – funcionam como “locais de acolhimento”, espaços fora do escritório que ajudam a dissolver barreiras hierárquicas e a fomentar conexões autênticas entre líderes e funcionários.
Não basta promover happy hours ou eventos aleatórios. A qualidade do espaço – e não apenas a intenção – é o que determina o sucesso das interações, mostra a pesquisa. Iniciativas como clubes de leitura, aulas de culinária, ações voluntárias ou desafios esportivos têm mais potencial para gerar conexões verdadeiras do que encontros obrigatórios ou mal planejados.
As pesquisadoras chegaram a essa conclusão após anos entrevistando e acompanhando profissionais americanos e europeus. Um exemplo analisado no estudo é a plataforma de exercícios Peloton, popular nos EUA. Participantes relataram ter estreitado laços com colegas e até superiores por meio da prática compartilhada de aulas virtuais.
Segundo os autores, a plataforma reunia os quatro elementos-chave: era flexível (podendo ser acessada em qualquer lugar e horário), legítima (uma atividade reconhecida e bem vista no ambiente de trabalho), virtuosa (associada a saúde e bem-estar) e divertida (graças ao tom leve dos instrutores e à gamificação das atividades).
Esses fatores criam um espaço onde mostrar vulnerabilidade não prejudica a autoridade. Pelo contrário: aproxima e humaniza. “No ambiente corporativo, principalmente nós, mulheres, sentimos a pressão de sermos sempre fortes e impecáveis. Mas quando pedalamos juntas, mostramos nossa humanidade”, disse uma das líderes entrevistada pela pesquisa.
Conexões impulsionam carreiras e reduzem a solidão no topo
Além de facilitar conexões horizontais e verticais, os ambientes de acolhimento também podem acelerar o crescimento profissional. Uma das entrevistadas pelo estudo, por exemplo, atribuiu sua promoção recente à visibilidade e credibilidade conquistadas em interações informais com líderes da empresa.
Para quem ocupa cargos de chefia, a pesquisa aponta outro benefício: a redução da sensação de solidão no topo. Ao trocar experiências com colegas de outros departamentos ou empresas em ambientes neutros, muitos executivos relataram se sentir mais apoiados e inspirados. Essas conexões também facilitam conversas mais abertas e sinceras, mesmo entre líderes e subordinados.
Investir em espaços de convivência fora do expediente pode ser uma estratégia para empresas que desejam estimular vínculos reais, reter talentos e promover líderes mais empáticos. Afinal, conexões humanas continuam sendo o ativo mais valioso no mundo do trabalho – dentro e fora do escritório.