Quem São, Quanto Ganham e o Que Tira o Sono dos Conselheiros no Brasil

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Klaus Vedfelt/Getty Images

Segundo levantamento do Evermonte Institute, 77,4% dos conselheiros no Brasil são homens

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Ocupar uma cadeira em um conselho fiscal, consultivo ou de administração requer uma combinação de experiência, reputação e visão estratégica para direcionar os rumos da empresa e antecipar riscos e oportunidades.

A pesquisa Board Trends Brazil, conduzida pelo Evermonte Institute, especializado em recrutamento para a alta liderança, traça um panorama do perfil dos executivos responsáveis pelas decisões estratégicas nos conselhos.

Com base em entrevistas com 133 conselheiros, segmentados de acordo com o faturamento das empresas, o estudo revela os salários dos profissionais, a composição, o funcionamento e os principais desafios dos boards, com destaque para a persistente falta de diversidade. “Um dos obstáculos à diversificação dos conselhos está justamente na fragilidade ou, até mesmo, na inexistência da conexão entre estratégia de negócio e composição do board”, afirma Felipe Ribeiro, sócio-fundador da Evermonte Executive Search.

O perfil dos conselheiros de empresas no Brasil

Estudos de consultorias como McKinsey, BCG e Deloitte mostram que a diversidade na liderança está associada a melhores resultados financeiros e maior capacidade de inovação. No entanto, essa não é a realidade dos colegiados no Brasil.

Em sua maioria, os conselheiros são homens (77,4%), entre 51 e 60 anos (51,5%), com trajetória em finanças e economia (36,1%) e negócios e marketing (17,3%).

“Em geral, há pouco tempo atrás, boa parte dos conselhos eram estruturados para garantir sustentabilidade econômica, controle de riscos e conformidade regulatória, especialmente em empresas familiares, que frequentemente buscavam nos conselheiros financeiros o complemento técnico que faltava aos fundadores e acionistas.”
Felipe Ribeiro

Além desses executivos, profissionais de tecnologia (12,8%), operações (12%) e engenharia (11,3%) também se destacam. O levantamento chama a atenção para um novo perfil de conselheiros, com o crescimento da presença de executivos de tecnologia, transformação digital e sustentabilidade, refletindo as necessidades do mercado. “A expectativa é de que áreas como cultura, pessoas e IA passem a ocupar cadeiras com mais influência, forçando uma ‘seniorização’ da agenda de RH nas companhias.”

Realizado entre março e abril de 2025, o estudo também aponta uma forte concentração geográfica. As regiões Sudeste (65,4%) e Sul (53,4%) lideram em termos de mercado de atuação, enquanto o Nordeste (13,5%) e o Centro-Oeste (10,5%) figuram em terceiro e quarto lugares, respectivamente. Como um mesmo conselheiro pode atuar em diferentes regiões, os resultados somam mais de 100%.

Quanto ganha um conselheiro no Brasil?

A remuneração de conselheiros varia conforme o porte, o setor e a localização das empresas. Globalmente, é comum haver um honorário fixo anual, com a possibilidade de componentes variáveis.

Na Europa, predominam valores fixos, com pouca presença de bônus atrelados a ações. Já na América Latina e em partes da Ásia, os valores tendem a ser mais baixos, refletindo condições econômicas locais. Nesses mercados, ainda é frequente o pagamento por reunião, embora empresas com governança mais avançada estejam adotando modelos fixos mais estruturados e incluindo incentivos de longo prazo.

Em geral, o modelo brasileiro ainda é conservador:

  • 70,7% não têm remuneração vinculada ao desempenho da empresa;
  • Para 75,2%, a remuneração fixa é predominante;
  • Apenas 15% têm componente variável;
  • 3,8% têm parte do pagamento atrelado ao desempenho da companhia.

Faixas salariais mais comuns:

  • 80% ganham entre R$ 15 mil e R$ 30 mil mensais (R$ 180 mil a R$ 360 mil por ano)
  • 16,5% recebem salários acima de R$ 30 mil e até R$ 50 mil
  • Apenas 3% têm remuneração acima de R$ 50 mil por mês

A remuneração depende, em grande parte, do porte da empresa. Em companhias com faturamento de até R$ 50 milhões, 95% dos conselheiros recebem entre R$ 15 mil e R$ 30 mil.

Entre R$ 50 milhões e R$ 500 milhões, 8,6% ficam acima de R$ 30 mil e até R$ 50 mil. Entre R$ 500 milhões e R$ 2 bilhões, 15,8% estão nessa faixa.

Já em companhias com faturamento superior a R$ 2 bilhões, observa-se uma distribuição mais variada nas faixas salariais, com mais conselheiros nesse intervalo (26,1%) e uma parcela recebendo acima de R$ 50 mil (8,7%).

No caso das empresas listadas na bolsa, a remuneração é ainda mais ampla, com participação expressiva em faixas salariais mais altas.

Cerca de 40% dos conselhos da amostra não possuem nenhum mecanismo formal de avaliação, enquanto 98% dos boards de empresas do S&P500 realizam avaliações de desempenho do conselho anualmente, segundo um relatório da consultoria global de recrutamento executivo Spencer Stuart. Além disso, avaliações individuais – conduzidas por presidentes do conselho ou consultores externos – vêm ganhando espaço.

Renovação e novos perfis de conselheiros

A maior parte dos conselhos (49,6%) tem um ou dois membros independentes. Quase 40% dos profissionais começaram a atuar em conselhos entre 2011 e 2020. “Muitos conselheiros são mantidos em suas posições por longos mandatos sem revisões contínuas de sua aderência e contribuição ao negócio”, diz Ribeiro.

Outros 34,6% assumiram a posição de conselheiro pela primeira vez depois de 2020, o que indica uma renovação no perfil dos boards. Para o executivo, a governança no Brasil avança, mas ainda está aquém de mercados mais maduros, que apresentam maior diversidade e solidez nos conselhos. “Há um movimento relevante de renovação, com a incorporação de novas competências, mas ele ocorre em conselhos ainda marcados por baixa diversidade de gênero, concentração geográfica e predominância de perfis da área financeira.”

Onde estão as mulheres nos conselhos?

Mesmo com níveis de escolaridade mais altos e trajetórias profissionais sólidas e marcadas por experiências diversas, as mulheres ainda ocupam apenas 12% das cadeiras em conselhos de administração no Brasil, segundo um estudo anterior também do Evermonte Institute, e 7,6% nos conselhos consultivos.

O levantamento mais recente aponta que 27,1% dos conselhos da amostra ainda não contam com nenhuma mulher. A maioria (59,4%) tem de 1 a 2 conselheiras, e apenas 12% possuem entre três e cinco.

Mas houve avanços: desde 2020, 9,85% dos novos conselheiros foram mulheres, ante 6,82% no período entre 2011 e 2020.

Globalmente, elas ocupam cerca de 23% das cadeiras em conselhos. O ritmo de nomeações tem desacelerado, sugerindo possível complacência após o cumprimento de metas mínimas. “No ritmo atual, a projeção é de que a equidade de gênero nos conselhos só seja atingida por volta de 2038”, afirma Ribeiro, citando um estudo da Deloitte. “É um avanço ainda aquém da urgência que o tema exige e distante das metas já assumidas por diversas organizações e mercados.”

Cotas de gênero para conselhos já são exigência legal em mais de 10 países europeus. No Brasil, o Senado aprovou no último mês um projeto de lei que prevê cota de 30% para mulheres em conselhos de estatais. “Ainda assim, é essencial distinguir ganhos estruturais de simples respostas ao cumprimento de obrigações formais.”

A presença de grupos minorizados em conselhos vem crescendo, especialmente nos EUA, onde esses dados são acompanhados mais de perto. Em 2024, cerca de 24% dos conselhos no Fortune 500 eram ocupados por pessoas negras, latinas, asiáticas ou de outras etnias sub-representadas — frente a menos de 15% dez anos antes, segundo a Deloitte.

“A composição do board não deve ser estática. Boas decisões não nascem da concordância plena. Elas surgem do diálogo contínuo. E, sem reinvenção, a diversidade de pensamento também é comprometida.”
Felipe Ribeiro

Desafios dos conselhos de administração no Brasil

Os conselheiros ouvidos apontam os principais desafios estratégicos da governança corporativa:

  • Gestão de riscos (57,9%)
  • Sucessão e desenvolvimento de lideranças (57,9%)
  • Transformação digital e inovação (57,1%)

Barreiras à evolução dos conselhos

  • Resistência à mudança por acionistas e gestão (38,3%)
  • Falta de mecanismos para substituição de conselheiros (19,5%)

Prioridades estratégicas

  • Melhoria da performance financeira no longo prazo (66,9%)
  • Integração de inteligência artificial nas operações (56,4%)

Segundo outro estudo do Evermonte Institute de 2025, a diversidade aparece em último lugar entre as principais tendências apontadas pelas empresas para o ano, sinal de que perdeu espaço no discurso estratégico de muitas companhias.

“Historicamente, algumas pautas vivem em um processo contínuo de oscilação de visibilidade – como é o caso do ESG, por exemplo –, mas nunca perdem importância.”
Felipe Ribeiro





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