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Em 13 de março de 2013, o cardeal Jorge Mario Bergoglio desceu de sua modesta suíte da Casa Santa Marta – ou Domus Sanctae Marthae, em latim –, quarto 207, em Roma. A Santa Marta é uma residência dentro da Cidade do Vaticano que serve para seus hóspedes, incluindo cardeais, bispos, sacerdotes e visitantes oficiais. Quem estava por perto e presenciou a cena, lembra que Bergoglio pagou a conta das despesas utilizando seu cartão de crédito pessoal, enquanto carregava sua própria pasta.
Isso pode não parecer incomum – afinal, todos nós pagamos a conta ao sair de uma hospedagem – mas aquele homem havia acabado de ser eleito Papa, o 266º na história da Igreja. Sinalizando um rompimento drástico com a tradição que ao longo dos séculos variou do formal ao pomposo, o Papa Francisco começou a nos ensinar, desde o primeiro dia, como é a liderança mais genuína. Humilde. Verdadeiramente, honestamente, genuinamente humilde. O cardeal Bergoglio, agora Papa Francisco, era, em bom português, autêntico.
Em seus 12 anos como papa, ele nunca se afastou desse exemplo brilhante que havia acabado de estabelecer, escolhendo como residência a Casa Domus Sanctae Marthae, evitando o ambiente luxuoso e as acomodações dos apartamentos papais no Palácio Apostólico. Aquilo era para seus predecessores, não para ele.
A humildade do Papa Francisco era algo belo. Com 1,75m de altura, certamente não era uma figura imponente. O que impressionava, no entanto, era seu intelecto, educado pelos jesuítas. Fora isso, vestia-se de forma simples e modesta, quase sempre de branco, em contraste com o glamour e as cores dramáticas ostentadas por papas anteriores. Até mesmo seu aceno era comedido e respeitoso, longe do gesto expansivo de um líder com uma autoimagem hiperbólica.
Liderança pelo puro exemplo
Não sou historiador, teólogo ou católico, mas sou consultor em liderança e fui, por 15 anos, professor adjunto de dois cursos de pós-graduação em liderança. Também tenho idade suficiente para ter visto outros exemplos de liderança excepcional. Foram poucos e esparsos — John Kennedy, Kofi Annan, Papa João Paulo II — mas eles exemplificaram um tipo raro de liderança eficaz que naturalmente inspira outros — não importa quem — a seguir.
Com esse contexto, vejo a morte do Papa Francisco como deixando um gigantesco vazio de liderança que alcança cada canto deste planeta. Ele foi, simplesmente, o único verdadeiro líder global de seu tempo no Vaticano. Podíamos ter, nesse período, líderes poderosos, mas nenhum com a influência global completa que foi exercida com tanta habilidade e suavidade pelo Papa Francisco.
“Quem sou eu para julgar?”
Apenas um líder profundamente seguro em um conjunto de crenças enraizadas poderia responder a uma pergunta sobre gays e casamento gay com: “Quem sou eu para julgar?”. Com essas cinco palavras, ele nos ensinou sobre justiça, inclusão, aceitação e humildade. Líderes fazem isso.
O Papa Francisco partiu como chegou. Nos últimos dois anos, sua saúde declinou e seu corpo enfraqueceu, mas sua determinação e sua influência se expandiram e se fortaleceram. Quando se é um verdadeiro líder — autêntico — isso acontece.
E, fiel à sua essência, o Papa Francisco foi sepultado na manhã deste sábado (26) em uma simples caixa de madeira, não no Vaticano ao lado de muitos que vieram antes dele, mas na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma, a cerca de cinco quilômetros do Vaticano. Em sua lápide, está escrito humildemente… Franciscus.
*Eli Amdur é jornalista colaborador da Forbes EUA, com mais de 50 anos de experiência. Já escreveu mais de 2.500 artigos sobre mercado de trabalho, ambiente de trabalho e liderança desde 2003. Na Fairleigh Dickinson University, lecionou cursos de liderança (MBA e mestrado) por 15 anos, foi Executivo Residente no Centro de Estudos de Gestão em Saúde e cofundador do Instituto de Liderança em Ciências da Vida.