A chegada dos trilhos que faziam parte da Linha do Rio Grande da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro até Franca, em 1887, marcou o desenvolvimento econômico e comercial do município. O aniversário de 200 anos de Franca é comemorado na próxima quinta-feira (28).
A estação ferroviária era uma das maiores da rota do Mogiana, que ligava Ribeirão Preto à Rifaina. Além de Franca, os trilhos passavam por diversas cidades da região, como por exemplo, Batatais, Brodowski, Jardinópolis e Restinga.
Para Mauro Ferreira, arquiteto e urbanista, professor do mestrado em Políticas Públicas da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Franca, a chegada da estação revolucionou a cidade.
Franca era uma cidade perdida do Sertão, na rota de Goiás, que vivia basicamente do comércio de sal. As pessoas viviam na roça, na fazenda, e essas fazendas precisavam ser autossuficientes. E aí, isso [a chegada da ferrovia] permite as pessoas mudarem para a cidade, principalmente as pessoas de maior renda
Mauro Ferreira, arquiteto e urbanista, professor do mestrado em Políticas Públicas da Unesp
Ferreira também diz que a Estação Mogiana foi responsável pela chegada de diversos imigrantes, que trouxeram com eles diversos elementos das suas culturas. “Se você olhar as fotos da cidade, você vai vendo a transformação, a saída dos casarões com aquela feição colonial, por um estilo neoclássico com fachadas mais rebuscadas, cheias de detalhes”.
Bairro da Estação
A Estação do Mogiana foi construída em uma ”segunda colina” de Franca, e aquela área se tornou um destino muito procurado por aqueles que chegavam ao município, portanto, foi necessário criar ruas que ligassem a região até a “colina central” (Centro de Franca).
“No entorno dessa estação ferroviária, você vai ver surgir hotéis, restaurantes, depósitos de café, as próprias oficinas da ferrovia. Tinha também uma vila operária dos trabalhadores da própria Companhia Mogiana, então ela é importante também nesse aspecto”, explica Mauro Ferreira.
Vale ressaltar que o reflexo da chegada da ferrovia é perceptível até os dias atuais, já que o bairro “Estação” se tornou um importante polo da cidade.
Fim da estação
A Estação do Mogiana, em Franca, chegou ao fim em 1983 (assim como outras diversas estações do interior de paulista, que enfrentavam o seu declínio desde a década de 1950), e o espaço ganhou novos usos.
Tombado pelo Condephat como patrimônio público em 1997, o local foi sede da diretoria regional de saúde e do cartório eleitoral, já recebeu a biblioteca municipal da cidade e também foi um terminal de ônibus.
Atualmente, o barracão da estação passa por obras de revitalização, avaliada em R$ 3 milhões. De acordo com a Prefeitura no município, o local deve abrigar um mercado popular, um centro cultural, um espaço gastronômico e uma biblioteca.
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