Tutores de cães em condomínios: responsabilidades e desafios

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A convivência entre animais de estimação e moradores em condomínios tem se tornado cada vez mais comum, trazendo consigo a necessidade de estabelecer regras claras e eficazes para garantir a segurança e o bem-estar de todos.

Num recente caso judicial no Rio Grande do Sul, no qual tutores de um pit bull foram condenados a utilizar focinheira e guia curta ao levar o animal para as áreas comuns do condomínio, a decisão também determinou uma multa de R$ 1 mil para cada vez que a norma for descumprida.

Os proprietários do cão ainda foram obrigados a pagar uma indenização de R$ 3 mil por danos morais à vizinha que sofreu um ataque do pit bull. A sentença de 1º grau foi confirmada, enfatizando a responsabilidade dos tutores em assegurar a segurança de outros moradores nas áreas comuns do condomínio.

Esse julgado reacendeu o debate sobre a responsabilidade dos proprietários de cães e a importância de leis específicas para regular essa relação.

A decisão judicial em questão, proferida pela 1ª Turma Recursal Cível do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, demonstra a relevância de se estabelecer normas claras para a condução de cães em espaços compartilhados.

A medida, além de proteger os demais moradores, visa garantir a segurança do próprio animal, evitando acidentes e possíveis sanções aos seus tutores.

Legislação brasileira e a responsabilidade civil

No Brasil, embora não exista uma legislação federal específica sobre a condução de cães em condomínios, diversos municípios e estados possuem leis que regulamentam essa prática.

Essas leis geralmente estabelecem regras sobre a utilização de coleira, guia e, em alguns casos, focinheira, além de prever sanções para os proprietários que descumprirem as normas.

É importante ressaltar que, independentemente da existência de leis específicas, os proprietários de cães respondem civilmente pelos danos causados por seus animais. Isso significa que, em caso de acidentes ou danos a terceiros, os tutores podem ser responsabilizados judicialmente e obrigados a indenizar as vítimas.

A convenção de condomínio é um documento fundamental que estabelece as regras de convivência e utilização das áreas comuns de um edifício. Nesse contexto, a questão da permissão de animais de estimação é um ponto frequentemente abordado e que gera diversas dúvidas.

O que a Convenção de Condomínio diz sobre pets?

A convenção pode estabelecer regras específicas sobre a criação de animais de estimação, como:

Proibição total: Alguns condomínios tentam mitigar completamente a possibilidade de animais em condomínios, mesmo nas áreas privativas.

No entanto, essa proibição pode ser considerada abusiva e não ser válida, especialmente se não houver justificativa plausível e se a proibição não estiver em conformidade com a legislação.

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) já decidiu que a convenção de condomínio não pode proibir de forma genérica a criação e a guarda de animais de estimação nas unidades autônomas, quando o animal não apresentar risco à segurança, à higiene, à saúde e ao sossego dos demais moradores.

A convenção pode estabelecer restrições à criação de animais, como:

  • Limitação do número de animais por unidade;
  • Restrição de raças consideradas extremamente perigosas;
  • Obrigatoriedade de cadastro do animal;
  • Exigência de porte de coleira e guia;
  • Proibição de animais em áreas comuns específicas;
  • Responsabilidade do proprietário por eventuais danos causados pelo animal.

Permissão com regras: A convenção pode permitir a criação de animais, mas estabelecer regras para garantir a convivência harmoniosa, como as mencionadas acima.

Como Resolver Conflitos?

Em caso de conflitos relacionados à criação de animais de estimação, é recomendado:

Dialogar com os vizinhos: A comunicação é fundamental para resolver conflitos de forma amigável.

Consultar a convenção: Verificar o que a Convenção e o Regimento Interno do condomínio estabelecem sobre o assunto.

Procurar a administração do condomínio: O síndico e a administração podem mediar o conflito e buscar soluções.

Consultar um advogado: Em casos mais complexos, a orientação jurídica é fundamental.

A importância de um convívio harmonioso

A convivência harmoniosa entre moradores de um condomínio exige respeito mútuo e a adoção de práticas responsáveis por parte de todos. No caso dos proprietários de cães, algumas medidas podem contribuir para um ambiente mais seguro e tranquilo:

  • Cadastro do animal: É fundamental que os condomínios mantenham um cadastro atualizado de todos os animais de estimação, incluindo informações sobre a raça, vacinação e comportamento do animal.
  • Treinamento: O treinamento adequado do cão é essencial para garantir seu comportamento adequado em espaços compartilhados.
  • Limpeza: Os tutores devem ser responsáveis pela limpeza das áreas comuns utilizadas pelos seus animais.
  • Respeito às regras: É fundamental que todos os moradores respeitem as regras do condomínio e as leis municipais e estaduais.

O papel dos condomínios

Os condomínios possuem um papel fundamental na promoção da convivência harmoniosa entre seus moradores. Além de estabelecer regras claras e eficazes, é importante que os síndicos e administradores promovam campanhas de conscientização sobre a importância da responsabilidade dos proprietários de animais.

A criação de espaços adequados para a recreação dos cães, como áreas de passeio e locais para a realização de atividades físicas, também pode contribuir para um ambiente mais agradável para todos.

Desta forma, a convivência entre animais de estimação e moradores em condomínios exige atenção e cuidado por parte de todos os envolvidos. A decisão judicial que condenou os tutores de um pit bull a utilizar focinheira e guia curta serve como um alerta para a importância de se estabelecer regras claras e eficazes para a condução de cães em espaços compartilhados.

É fundamental que os proprietários de animais assumam suas responsabilidades e que os condomínios promovam um ambiente de respeito e convivência harmoniosa. Ao seguir essas orientações, podemos garantir a segurança e o bem-estar de todos os moradores.

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