Conheça executivas negras à frente de grandes empresas

Author:


 

Acessibilidade




Ser a única no processo seletivo, na reunião, no time. A primeira no cargo, na diretoria, na empresa. A solidão vivida por mulheres negras no mundo corporativo se intensifica ao passo que elas quebram o teto de vidro e assumem posições de destaque em grandes empresas. “Para mulheres pretas, competência e preparo não são os únicos requisitos para ocupar uma posição”, diz Ana K Melo, HR business partner manager e líder de D&I na Diageo Brasil.

Elas compõem a maior parte da população brasileira: são 60 milhões, ou 28,5% do total, segundo o IBGE. E também o maior grupo em idade ativa no país: 48,3 milhões, ou 28,4% do total. No entanto, representam 3% dos líderes nas empresas, segundo um levantamento da consultoria Gestão Kairós. “Se queremos evoluir como país, esse cenário precisa mudar”, afirma Raphaella Martins, líder de negócios do Creative X da Meta. “Quando a mulher preta consegue acessar cargos de liderança, ela não muda apenas a história da vida dela, mas sim de gerações. É um benefício não só para a companhia, mas para toda a sociedade”, diz Kuntuala Oliveira, diretora de vendas da Oracle.

Leia também

Os avanços são lentos, mas contínuos, e a representatividade tem grande valor. É preciso enxergar alguém como você para entender que é possível chegar lá, já dizia Viola Davis. “Mesmo solitária nos espaços de poder, me fortaleci me conectando com os meus”, diz Flávia Lisboa, diretora de RH da Reckitt e participante do Conselheira 101 e do Instituto Pactuá, que têm como objetivo acelerar as carreiras de pessoas pretas.

Samantha Almeida, diretora de marketing da TV Globo

A diversidade já é vista como um ativo em muitas organizações. Pesquisas mostram que equipes diversas promovem mais inovação e ajudam nos resultados das companhias. “A inclusão de mulheres negras em cargos de liderança não é apenas uma questão de justiça social, mas também de eficiência econômica”, diz Luana Ozemela, VP de impacto e sustentabilidade do iFood. Mas ainda há um longo caminho que passa por medidas afirmativas, oportunidades, capacitação e mentoria. Elas são otimistas, mas têm pressa. “Estarei feliz de verdade quando não for mais a única ou primeira mulher negra em qualquer lugar”, diz Flávia.

Hoje, no Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, a Forbes reúne histórias de executivas negras que trilharam carreiras de sucesso e hoje lideram algumas das maiores empresas do Brasil e do mundo. Muitas delas foram as primeiras, mas certamente não serão as últimas.

Conheça executivas negras que lideram grandes empresas



  • Kuntuala Oliveira, diretora de vendas da Oracle

    Há quase 11 anos na Oracle, Kuntuala é diretora de vendas para a área de tech cloud. Graduada em Letras pela PUC-SP e com MBA em gestão de pessoas pela FGV, também passou por RH Partners e Catho. É uma defensora ativa da diversidade e inclusão: “A presença de mulheres pretas na liderança contribui diretamente com a diversidade de pensamentos e de experiências. Pessoas diversas trazem visões de mundo, perspectivas e sabedorias diversas.”

    Para ela, que participa do programa Conselheira 101, os benefícios são para toda a sociedade. “Quando a mulher preta consegue acessar cargos de liderança, ela não muda apenas a história da vida dela, mas sim de gerações, de uma família inteira. É um benefício não só para a companhia, mas para toda uma sociedade.”


  • Raphaella Martins, líder de negócios do Creative X da Meta

    Executiva de negócios com mais de 20 anos de experiência profissional em marketing e publicidade, Raphaella iniciou sua carreira em agências liderando a estratégia de marcas internacionais e locais. Hoje, atua no Creative X do Facebook, desenvolvendo estratégias criativas globais com relevância local para os aplicativos da marca.

    Passou pela AVON, à frente da área de comunicação para toda a América Latina, e na agência de publicidade J. Walter Thompson foi uma das líderes do 20/20, primeiro programa de equidade racial da comunicação brasileira. Na Globo, foi responsável pela estratégia de conteúdo criativo e artístico para os maiores anunciantes da emissora. Em 2019, foi eleita pelo YouPix uma das 15 pessoas que mais contribuíram com o mercado de conteúdo e influência no Brasil. Também foi reconhecida globalmente palestrando em Cannes e reconhecida como uma das 100 pessoas negras mais influentes globalmente na lusofonia pela BANTUMEN.

    Raphaella tem pressa para que existam mais mulheres no alto escalão das empresas. “Somos maioria no país e isso não é refletido nas cadeiras de liderança”, diz. “Penso na importância de medidas intencionais e interseccionais urgentes de reparo focadas neste grupo para que possamos avançar como brasileiros.”


  • Samantha Almeida, diretora de marketing da TV Globo

    Depois de liderar por dois anos a área de diversidade e inovação dos Estúdios Globo, Samantha Almeida assume em agosto como diretora de marketing da TV Globo. Antes disso, foi diretora do Twitter Next no Brasil, área global de parcerias com anunciantes da plataforma, head de conteúdo e estratégia digital na Ogilvy Brasil, do grupo WPP, e diretora no grupo Music 2/Mynd.

    Vencedora do Caboré de Inovação, o Oscar da publicidade, também foi eleita uma das 100 afrodescendentes mais Influentes pelo MIPAD, organização parceira da ONU e African Union. Nos seus 25 anos de carreira, Samantha acumula passagens por grandes empresas como Avon Brasil, Estée Lauder, Trifil & Scala e Levi Strauss Co.

    Ela observa os lentos avanços do mercado em relação às mulheres negras na liderança. “As conquistas são mérito de uma geração cada vez mais preparada e competente, que chega ao mercado ávida pelo próprio espaço, mas se depara com barreiras visíveis e invisíveis que precisam ser combatidas.”


  • Ana K Melo, HR Business Partner Manager e Líder de D&I na Diageo Brasil

    Ana K Melo é especialista em diversidade e inclusão, palestrante e TedXSpeaker. Nas redes sociais, aborda suas vivências como mulher negra e com deficiência para mais de 40 mil seguidores. Formada em marketing, iniciou a carreira como voluntária de uma ONG do seu bairro na região periférica da grande São Paulo, atuou nas secretarias da mulher, de comunicação e ações sociais de Barueri, foi sócia da XP Inc, onde liderou as áreas de cultura e D&I, antes de chegar à Diageo.

    “Em 17 anos de carreira, desde as posições mais juniores, a sensação de solidão sempre esteve presente”, diz a executiva. “Mais do que abrir uma porta, queremos abrir caminhos para que outras venham depois e subam degraus ainda mais altos.”


  • Luana Ozemela, VP de impacto e sustentabilidade do Ifood

    Com mais de 20 anos de experiência em investimentos de impacto social, Luana já atuou no BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e na Hewlett-Packard. Fundou a Dima Consult, consultoria de investimentos de impacto, é cofundadora da BlackWin e VP de impacto e sustentabilidade do iFood.

    A economista tem como objetivo aumentar a diversidade da indústria financeira, redirecionar investimentos privados na redução de desigualdades, educação e fomentar o empreendedorismo entre pessoas negras. Também é investidora anjo e participa de conselhos do UNICEF, do CEERT, do Fundo Agbara, do Instituto MOL, do Pacto da Equidade, e atua como Embaixadora do Coletivo do Pacto.

    Ao longo da carreira, foi muitas vezes a única mulher negra nos espaços. Para ela, o protagonismo na liderança é crucial para alcançar uma sociedade mais justa e equitativa. “A inclusão de mulheres negras em cargos de liderança não é apenas uma questão de justiça social, mas também de eficiência econômica.”


  • Márcia Silveira, head de diversidade da L’Óreal

    Com mais de 20 anos de experiência em marketing e comunicação, Márcia Silveira é líder de diversidade do Grupo L’Oréal no Brasil. “Pela primeira vez enquanto líder, tive outras mulheres negras como pares e como líderes executivas C-level.”

    Começou sua trajetória na empresa em 2021, como gerente de comunicação, diversidade e sustentabilidade da L’Oréal Luxo. Passou por companhias como o Instituto Beleza Natural, foi diretora de comunicação do Sistema B Brasil.

    Tem MBA Executivo pela Cropped (UFRJ), cursos de empreendedorismo e marketing na Boston College, de Reputação e Digital Marketing na NYU, e de Design Thinking da IE Business School, na Espanha.

    A L’Óreal é signatária do MOVER, Movimento pela Equidade Racial, e tem metas para aumentar a presença de profissionais negros na liderança. “As pessoas não estão preparadas para serem conduzidas por mulheres negras. É desafiador”, diz ela, que afirma que líderes negras alimentam a diversidade.


  • Natalia Amancio, líder go-to-market no Google Cloud

    Executiva com mais de 15 anos de mercado, Natalia ocupa hoje uma cadeira no Google Cloud, liderando estratégias go-to-market em temas como inteligência artificial, cloud computing e novas tecnologias.

    Natalia traz na bagagem o aprendizado e a experiência de ter passado por grandes empresas que têm a inovação em seu DNA, como Meta, Nubank e Bain & Company.

    É formada em estatística pela Universidade de São Paulo, com pós-graduação em Gestão de Negócios pela Fundação Dom Cabral, e pós-graduação em Finanças pela Fundação Instituto Administração (FIA).


  • Flávia Lisboa Porto, diretora de RH da Reckitt

    Flávia Lisboa foi uma das primeiras mulheres negras a assumir posições executivas no país. Em seus 28 anos de carreira, passou por empresas como Yara, Credicard, EY e Dell. “Nem as ofensas ou o racismo em todas as suas manifestações me barraram”, diz a executiva.

    Nascida e criada na periferia de São Paulo, foi subindo sem referências, mas percebeu que não estava sozinha ao se juntar ao Conselheira 101 e ao Instituto Pactuá, ambos para acelerar carreiras de executivos negros. “Encontrei nesses espaços mais apoio, acolhimento e oportunidades do que em muitas lideranças que tive em três décadas de vida profissional.”

    Flávia também atua como conselheira consultiva para temas de diversidade, equidade e inclusão na ABRH-SP e é conselheira de administração no Instituto Pactuá e na UWB (United Way Brazil). “Estarei feliz de verdade quando não for mais a única ou primeira mulher negra em qualquer lugar.”


  • Jandaraci Araujo, conselheira e cofundadora do Conselheira 101

    Jandaraci Araujo é conselheira fiscal da Vetor Brasil e da Vale, além de atuar nos boards do Instituto Inhotim, da Kunumi, do Museu Afro-Brasil e da Women in Leadership in Latin America, ONG voltada para o empoderamento feminino nas organizações. Ela é cofundadora do Conselheira 101, programa que capacita mulheres negras e indígenas para atuar em conselhos de administração. Foi subsecretária de Empreendedorismo e Pequenas e Médias Empresas do Estado de São Paulo e diretora executiva do Banco do Povo. É autora de dois livros, Top Voice LinkedIn e em 2022 recebeu o Prêmio Destaque do Ano pelo IBEF- SP, o Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças de São Paulo.

Kuntuala Oliveira, diretora de vendas da Oracle

Há quase 11 anos na Oracle, Kuntuala é diretora de vendas para a área de tech cloud. Graduada em Letras pela PUC-SP e com MBA em gestão de pessoas pela FGV, também passou por RH Partners e Catho. É uma defensora ativa da diversidade e inclusão: “A presença de mulheres pretas na liderança contribui diretamente com a diversidade de pensamentos e de experiências. Pessoas diversas trazem visões de mundo, perspectivas e sabedorias diversas.”

Para ela, que participa do programa Conselheira 101, os benefícios são para toda a sociedade. “Quando a mulher preta consegue acessar cargos de liderança, ela não muda apenas a história da vida dela, mas sim de gerações, de uma família inteira. É um benefício não só para a companhia, mas para toda uma sociedade.”

  • Siga a Forbes no WhatsApp e receba as principais notícias sobre negócios, carreira, tecnologia e estilo de vida

Escolhas do editor





Source link

Leave a Reply