Presidente do BB ganha 94,4% menos que outros CEOs

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Nilton Fukuda/Agência PerspectivaNilton Fukuda/Agência Perspectiva

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Tarciana Medeiros é a primeira mulher a presidir o Banco do Brasil

A Assembleia Geral de Acionistas do Banco do Brasil rejeitou o aumento de 56,7% para a presidente do banco, Tarciana Medeiros, e demais membros da diretoria. De acordo com o documento da reunião, que aconteceu na última sexta-feira (26), os acionistas aprovaram um reajuste parcial de 4,62%.

Com isso, a remuneração mensal fixa da CEO do BB passará de R$ 74.972 para R$ 78.436. Somando as participações em conselhos – entre eles os da Brasilprev, da Fundação BB e o do próprio Banco do Brasil – e os bônus pagos pelo banco, a remuneração anual de Tarciana pode se aproximar de R$ 3,3 milhões.

Apesar de robusto e superior à média salarial brasileira, o montante está 94,4% abaixo do salário de outros CEOs de bancos. A Forbes Brasil consultou o levantamento feito pelo especialista em governança corporativa Renato Chaves, com dados fornecidos pelas empresas listadas em Bolsa nos formulários de referência depositados na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A informação mais recente é de 2022 e os números de 2023 ainda não estão disponíveis.

Veja a remuneração de outros CEOs:

Itaú Unibanco

  • CEO em 2022: Milton Maluhy Filho
  • Remuneração total em 2022: R$ 59,188 milhões
  • Quanto Medeiros ganha: 5,6% do salário de Maluhy

Bradesco

  • CEO em 2022: Octavio de Lazari Jr.
  • Remuneração em 2022: R$ 31,41 milhões
  • Quanto Medeiros ganha: 10,5% do salário de Lazari

Santander

  • CEO em 2022: Mário Roberto Opice Leão
  • Remuneração em 2022: R$ 21,1 milhões
  • Quanto Medeiros ganha: 15,6% do salário de Leão

Segundo o levantamento de Chaves, em 2022 a maior remuneração de um CEO de banco brasileiro de capital aberto foi de Milton Maluhy, do Itaú Unibanco. Sua remuneração, incluindo salários e bônus, foi de R$ 59,188 milhões. A remuneração da presidente do Banco do Brasil é de apenas 5,6% desse valor. Em outras palavras, o salário do CEO do Itaú é 18 vezes maior que o de Tarciana.

* Os bancos não divulgam informações individuais. Porém, a regulação obriga a divulgação da maior, da menor e da média da remuneração. O estudo de Chaves parte da premissa que a maior remuneração na diretoria é sempre a do CEO. “Em mais de 25 anos de experiência em companhias abertas, nunca vi um diretor ganhar mais do que o CEO. Por isso, assumi no estudo que a maior remuneração na diretoria é sempre a do executivo principal.”

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Mas por que há essa discrepância?

A Forbes conversou com Guilherme Filgueiras, gerente de negócios da Randstad Brasil, e Humberto Wahraftig, sócio da Page Executive, para explicar como funciona a remuneração de executivos em bancos, que contam com uma parcela fixa e outra variável.

A remuneração fixa considera a experiência e as responsabilidades do cargo, que independem do desempenho do executivo. Enquanto isso, a remuneração variável está sujeita a uma série de questões, incluindo a performance individual do CEO e do banco, metas financeiras e não financeiras, bem como as flutuações do mercado. “A finalidade da remuneração variável é alinhar os interesses do CEO com os objetivos dos acionistas e com o desempenho do banco, como um todo”, diz Filgueiras.

Wahraftig acrescenta que uma parcela variável de longo prazo também pode envolver ações, opções de ações, stock options (opções de compra de uma ação, no futuro, por um valor pré-definido) ou deferred cash, que se refere a uma parte do pagamento do executivo que pode ser retida e paga posteriormente.

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“A remuneração variável, tanto de curto quanto de longo prazo, é vista como uma forma estratégica de garantir maior engajamento dos colaboradores, reduzindo a rotatividade e atraindo talentos para as instituições”, complementa Wahraftig.

Filgueiras diz que, por possuírem maior flexibilidade em suas políticas de remuneração, comumente, os bancos privados são mais agressivos do que as estatais na compensação variável para atrair e reter os melhores talentos do mercado, principalmente a nível executivo. Procurados, o Itaú Unibanco informou que não divulga remunerações individuais. Bradesco e Santander não retornaram.





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