O Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto começa nesta sexta-feira (15) os testes sobre o tratamento celular contra o câncer. Na primeira etapa, o tratamento com células CAR-T será aplicado em quatro pacientes com linfoma e leucemia.
O tratamento com células CAR-T foi desenvolvido em 2017 nos Estados Unidos e, desde 2019, no Brasil, pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP (Universidade de São Paulo), em colaboração com o Instituto Butantan e apoio da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).
A técnica consiste na retirada de linfócitos do próprio paciente, que são manipulados em laboratório e reaplicados no organismo. O objetivo é preparar os linfócitos para identificar e eliminar células tumorais que não foram detidas por outros tratamentos como quimioterapia e transplante de medula.
Anteriormente, o tratamento com células preparadas pelo Nutera-RP (Núcleo de Terapia Celular Avançada de Ribeirão Preto) já havia sido aplicado em 20 pacientes.
Tratamento
Os primeiros quatro pacientes tratados no Hospital das Clínicas terão o sangue colhido, de onde os linfócitos T, um tipo de célula de defesa, serão isolados e modificados no Nutera-RP. Esse processo leva de 15 dias a um mês.
Depois de internados, os pacientes receberão então uma infusão das próprias células, agora reprogramadas para atacar as células tumorais. Serão 15 dias de internação para acompanhar os possíveis efeitos colaterais, resultado da inflamação provocada pelo tratamento.
Após a alta, o paciente seguirá sendo acompanhado em consultas semanais, até ter a primeira avaliação de eficácia do tratamento, após 30 dias da infusão. Os testes serão repetidos após 90 dias do início do tratamento. Todos os pacientes serão monitorados por cinco anos como parte do estudo.
Avanços
Em seguida, os dados coletados serão submetidos à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para avaliação de segurança. O tratamento foi desenvolvido no CTC (Centro de Terapia Celular), no Hemocentro de Ribeirão Preto.
Ele é destinado para pacientes com leucemia linfoide aguda de células B e linfoma não Hodgkin de células B que não responderam ou apresentaram o retorno da doença após a primeira linha de tratamento convencional.
Caso seja aprovado, os outros centros envolvidos no estudo poderão começar a tratar mais candidatos.
Além do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, participam do estudo o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP em São Paulo, o Hospital de Clínicas da Unicamp e os hospitais Beneficência Portuguesa e Sírio-Libanês, em São Paulo.
*Com informações de Carlos Fioravanti, da Revista Pesquisa FAPESP.
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