Lições para quem quer ser vereador 

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Políticos como, Geraldo Alckmin, atual vice-presidente da República, o deputado federal pelo Rio de Janeiro, Marcelo Crivella e o ex-prefeito de São Paulo e atual Secretário de Governo e Relações Institucionais do governo paulista,
Gilberto Kassab são alguns dos que já contaram com a expertise de Marcelo Vitorino em suas campanhas eleitorais.  

Com mais de 20 anos de experiência, o especialista em marketing político e eleitoral acaba de lançar o livro “Seja Vereador”, em que apresenta o caminho para vencer uma eleição com poucos recursos e até mesmo sem equipe. O livro conta também com a colaboração das especialistas em comunicação e marketing político, Natália Mendonça e Fabiana Vitorino. 

  

Tribuna Ribeirão – Como surgiu a ideia do livro? 

Marcelo Vitorino – Atuo na política há muitos anos e observei que os candidatos que têm mais dificuldade em organizar bem suas campanhas são os vereadores. A maior parte deles não tem recursos e também não contam com grande conhecimento em marketing político. Daí, entendi que poderia ajudá-los a fazer uma campanha com chances reais de vitória por meio de uma metodologia que pode ser aplicada em vários cenários. 

 

Tribuna Ribeirão – O senhor fala que é possível ganhar uma eleição com poucos recursos. Como? 

Marcelo Vitorino – Um candidato vence uma eleição quando entende a cabeça do eleitor, compreende bem aquilo que sua candidatura representa, organiza os conteúdos de forma adequada, usa os meios de comunicação de forma estratégica e domina o tempo. Conhecimento, nesse caso, vale mais do que dinheiro. Eleições para vereança são muito disputadas e a maior parte dos concorrentes não estão preparados.  

 

Tribuna Ribeirão – Em sua avaliação, quais as principais diferenças na campanha de um candidato a vereador de uma cidade grande e a de um pequeno município? 

Marcelo Vitorino – Em uma cidade pequena, todo mundo se conhece. Você pode investir mais tempo em mostrar o que pretende fazer e suas ideias para melhorar o município. Já em uma cidade grande, primeiro é preciso se apresentar, para que tenha credibilidade na hora de proposições. 

 

Tribuna Ribeirão – Por que muitas celebridades com milhões de seguidores em redes sociais não conseguem transformar sua popularidade em voto? 

Marcelo Vitorino – Os eleitores não se motivam a votar por causa do número de likes. A motivação, no caso da vereança, é muito mais pragmática. Os eleitores querem alguém que conheça sua realidade, que tenha capacidade para resolver problemas, que tenha noção de prioridade. Like não é voto. Reputação sim. 

 

Tribuna Ribeirão – O que alguém que se candidata pela primeira vez deve fazer para ter chances iguais a de alguém que já ocupa um cargo eletivo? 

Marcelo Vitorino – Estudar o máximo que puder sobre a legislação eleitoral e a comunicação política. Não se entra em uma disputa sem saber as regras do jogo e sem entender sobre estratégia para vencê-lo. Quando você entende isso, deixa de lado ações que só tomam tempo e dinheiro, mas que não convertem em votos. 

 

Tribuna Ribeirão – Quais as dúvidas mais frequentes que os pré-candidatos que o procuram têm? 

Marcelo Vitorino – A maior parte se refere ao que pode e ao que não pode ser feito na disputa. Muitos também querem saber o que podem fazer para “bombar” nas redes sociais, enquanto deveriam se preocupar com o que fazer para se conectar com os eleitores. 

 

Tribuna Ribeirão – Nas eleições municipais deste ano, o número de candidatos a vereador a serem lançados por partido diminuiu. No caso de Ribeirão Preto, que tem 22 vereadores, o número caiu de 33 para 23. Essa redução é boa ou ruim para o processo eleitoral e para a população? 

Marcelo Vitorino – Acredito que seja boa porque obriga os partidos a escolherem melhor seus candidatos, e ofertar escolhas concretas, importantes e realizáveis aos eleitores. 

 

Tribuna Ribeirão – As eleições presidenciais de 2022 foram muito polarizadas entre as chamadas direita e esquerda. O senhor acredita que essa polarização acontecerá nas eleições municipais? 

Marcelo Vitorino – Raramente a polarização se dá em municípios. A lógica da eleição municipal é muito focada no que acontece nas ruas, na vida das pessoas. Para o eleitor, o prefeito que deixa a cidade organizada pode ser de um partido ou de outro que não fará tanta diferença. Quanto menor a cidade, menos polarizada de forma ideológica, ficará a disputa. 

 

Tribuna Ribeirão – Que críticas o senhor faz ao processo eleitoral brasileiro? 

Marcelo Vitorino – O processo eleitoral brasileiro está em constante evolução. Acredito que seja um dos melhores do mundo nesse sentido. Há algumas coisas que ainda precisam ser aprimoradas, mas nada muito relevante. Eu prefiro, mas é uma posição pessoal, um sistema chamado de voto distrital puro, em que você divide a região do pleito em várias e há a eleição dos representantes por microrregião, como acontece nos Estados Unidos. 

Há também sempre uma discussão sem sentido algum, a não ser a manutenção de quem está no cargo, de aumentar o tempo de mandato, pôr fim a reeleição para Executivo, e juntar todas as eleições. Isso seria um erro gigantesco. Imagine uma eleição em que o eleitor precise escolher 7 candidatos. O debate político para prefeito e vereador seria inexistente caso tivesse uma eleição para presidente e governador junto. 

 

Tribuna Ribeirão – Que qualidades o senhor vê no processo eleitoral brasileiro? 

Marcelo Vitorino – É um processo transparente, confiável, que está testado. A comunicação política antigamente não exigia tanto dos candidatos como agora. A internet trouxe a necessidade de comunicação constante, o que gera a demanda por conhecimento e também por profissionais de comunicação. Ocorre que existe um número muito maior de projetos políticos do que de profissionais existentes. Quem demorar para montar sua equipe poderá ficar sem profissionais. 

 

Tribuna Ribeirão – Qual sua opinião sobre o Fundo Eleitoral? É a favor dele? 

Marcelo Vitorino – Sinceramente, eu preferia quando tínhamos o modelo das doações das empresas em vez de um fundo bancado pelo governo. Hoje, sem as contribuições empresariais, não há muito como fugir do fundo eleitoral. As empresas foram proibidas de fazer doações na época da operação Lava Jato, mas ao menos as doações eram rastreáveis.  

Com o fim das doações de forma oficial por agentes externos ao governo, aumentou muito a participação de organizações criminosas como fonte de recursos. Existem cidades que sofrem uma influência muito grande do poder econômico do crime. 

 

 

 

 



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