Por: Adalberto Luque
O Ministério Público de São Paulo (MPSP) entendeu que a morte do engenheiro Paulo Roberto Carvalho Pena Braga Filho, de 34 anos, não foi latrocínio, como apontou inquérito concluído pela Polícia Civil. Na opinião da promotora Ethel Cipele, o crime seria homicídio doloso.
Em sua avaliação, a promotora explicou que não teria havido premeditação da morte de Beto Braga para subtrair seus pertences – o celular, avaliado em mais de R$ 8 mil, um tênis e US$ 800. No entendimento do MP, Gabriel Souza Brito e Marcelo Fernandes da Fonseca, ambos de 28 anos, teriam cometido homicídio doloso.
A promotora elogiou o trabalho realizado pela Polícia Civil no inquérito, mas divergiu quanto à tipificação. Ela vai encaminhar o caso para a promotoria da Vara Criminal de Ribeirão Preto. Se o promotor entender que, de fato, não se trata de latrocínio, mas homicídio doloso (quando há intenção de matar), a dupla de acusados será submetida a júri popular.
Ouvido pela reportagem do Tribuna, o advogado de Gabriel, Wagner Simões, aprovou a mudança de tipificação. “Era o que esperava, o que havia solicitado ao delegado de polícia. Mas ele não teria entendido assim. No entendimento do MP, não houve a intenção do roubo”, explicou.
Questionado sobre um caso de grande repercussão ser levado a júri popular, ele acredita que isso não será problema. “Achamos que será mais fácil de controlar o caso, com o júri”, concluiu. O outro acusado do crime está sem advogado de defesa no momento.
Relembre o caso
Beto Braga era executivo de uma empresa multinacional. Morava em San Diego, Califórnia (EUA). Chegou ao Brasil em 19 de dezembro de 2023 para passar as festas de final de ano com a família, que mora em Ribeirão Preto.
No dia 28 de dezembro ele disse que iria sair com amigos e desapareceu. Seu corpo foi encontrado em 30 de dezembro, no quarto de um imóvel utilizado para locações de curta permanência, na esquina da Rua Eduardo Prado com Avenida do Café, Vila Amélia, zona Norte de Ribeirão Preto. Ele morreu por estrangulamento.
A Delegacia de Investigações Gerais da Divisão Especializada em Investigações Criminais (DIG/DEIC) agiu rápido e, no dia 03 de janeiro, já tinha um mandado de prisão preventiva contra Gabriel, o primeiro suspeito identificado nas investigações.
Mas por conta de dificuldades para realizar incursões na Favela Pavão-Pavãozinho, na capital do Rio de Janeiro, aprofundaram as investigações. Gabriel foi preso em 15 de janeiro, na cidade de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.
Trazido para Ribeirão Preto, admitiu participação no crime e indicou o apelido de outro homem que estaria no local. Dias depois, Marcelo foi preso em Diadema, Grande São Paulo. Ele admitiu ter roubado o celular e o tênis da vítima.
Durante reconstituição, os dois teriam admitido serem os responsáveis por aplicar o golpe que matou Beto Braga. Marcelo, no entanto, negou que tivesse roubado os bens do executivo.
Mais alguns dias e o delegado do caso, Targino Donizete Osório, encontrou Thiago Soares de Souza, que recebeu o celular de Beto das mãos de Marcelo, para vender.
Outras duas pessoas, além de Thiago, foram indiciadas por receptação. Já Gabriel e Marcelo foram indiciados por latrocínio. O entendimento do MP, todavia, foi de que se trata de homicídio doloso e o promotor da Vara Criminal é quem vai definir se a denúncia será mantida. Caso afirmativo, um júri popular vai decidir o caso Beto Braga.