Por: Adalberto Luque
O delegado Targino Donizete Osório encerrou o inquérito que apura a morte do engenheiro Paulo Roberto Carvalho Pena Braga Filho, de 34 anos, morto no dia 29 de dezembro de 2023. O inquérito foi concluído apenas dois meses depois que seu corpo foi encontrado.
De acordo com o inquérito, Beto Braga foi morto por Gabriel Souza Brito e Marcelo Fernandes da Fonseca, ambos de 28 anos. Eles foram contratados como garotos de programa e, pelas conclusões, teriam roubado o celular da vítima, um iPhone 15, além de um par de tênis, cartões bancários e US$ 800 em cédulas.
Outras três pessoas foram indiciadas por receptação do celular de Beto Braga, que estava avaliado em R$ 8 mil: Thiago Soares de Souza, Jonas Manoel Dinardi Alves Teixeira e Cristhian da Silva Martins. A reportagem do Tribuna não conseguiu os contatos dos advogados dos envolvidos.
Osório vai encaminhar o inquérito para o Ministério Público de São Paulo (MPSP). Se a promotoria oferecer a denúncia, o caso segue para a Justiça.
Cronologia
Manhã sexta-feira, de 29 de dezembro de 2023. A família do engenheiro Paulo Roberto Carvalho Pena Braga Filho divulga, nas redes sociais, fotos do rapaz, que estaria desaparecido desde a noite da véspera (28). Ele disse para a mãe que iria encontrar amigos e não voltou mais para casa da família, no Jardim São Luís. A irmã de Beto, que mora nos Estados Unidos, recebeu ligação de um homem que disse ter encontrado o celular dele. Ela deu o telefone da mãe no Brasil. O rapaz chegou a marcar um encontro e a pedir senha do aparelho, mas depois não houve mais contato.
Beto Braga, de 34 anos, era executivo de uma multinacional e morava em San Diego, Califórnia (EUA). Veio passar as festas de final de ano com a família, que é de Ribeirão Preto. Desembarcou no dia 19 de dezembro. No dia 30 de dezembro, a Polícia Civil foi notificada sobre um corpo, encontrado no quarto de um imóvel para locações de curtas temporadas, na esquina da Rua Eduardo Prado com Avenida do Café, Vila Amélia, zona Oeste da cidade.
Era o corpo de Beto Braga. Ele foi morto na madrugada de 29 de dezembro, por asfixia mecânica (estrangulamento). Seus pés estavam amarrados. No apartamento havia pinos, supostamente com resíduos de cocaína, uma cartela de medicamento para estímulo sexual, latas de cerveja e um tubo de gel lubrificante.
Havia muito material genético na cena do crime e a Delegacia de Investigações Gerais da Divisão Especializada em Investigações Criminais (DIG/DEIC) imediatamente entrou no caso. Um trabalho minucioso de perícia foi feito no local. Enquanto isso, a equipe coordenada pelo delegado Targino Donizete Osório foi a campo para tentar esclarecer tudo.
Logo de imediato, descobriram com o dono do imóvel que quem havia locado o quarto no dia em que Beto foi morto já tinha feito outras locações antes, via internet. A essa altura, Gabriel Souza Brito, de 28 anos, já estava identificado.
“No dia 03 [de janeiro deste ano] nós já estávamos com a prisão temporária do Gabriel decretada. Encontrou o corpo dia 30, tínhamos a informação que ele teria alugado o apartamento. Sabíamos que era do Rio de Janeiro, mas era procedente de Salvador. Tínhamos o endereço dele de Salvador e no Rio. No dia 03 já tínhamos a temporária expedida”, revelou o delegado em entrevista exclusiva ao Tribuna.
A equipe da DIG/DEIC chegou a ir até o Rio de Janeiro, mas diante da dificuldade em obter autorização para fazer uma incursão na favela Pavão-Pavãozinho, abortou a missão e aprofundou as investigações.
Dias depois, uma ligação de Gabriel para sua namorada foi interceptada e a Polícia Civil já sabia que ele estaria em Nova Iguaçu, Baixada Fluminense. Foi preso e trazido para Ribeirão Preto. Admitiu participação na cena do crime. No interrogatório, passou o apelido de outra pessoa, que disse ser o responsável pela morte do engenheiro.
Em pouco tempo, o outro envolvido no latrocínio, Marcelo Fernandes da Fonseca, de 28 anos, também estava preso. Foi encontrado em Diadema, Grande São Paulo. No depoimento, admitiu ter roubado celular e tênis da vítima, mas disse que foi Gabriel quem matou Beto.
Dias depois, a DIG/DEIC fez a reconstituição do crime. Ambos assumiram serem os autores do golpe que matou Beto Braga. Mas Marcelo voltou atrás e negou que tivesse roubado o celular e o tênis. “Na realidade eles querem sair fora do latrocínio, que a pena é maior. O celular, o Marcelo negou ter roubado, mas entregou pra outro, venderam e uma parte foi pra ele”, concluiu Osório.
A equipe da especializada já havia identificado o receptador do aparelho. Thiago Soares de Souza confessou ter recebido o celular e o teria vendido através de redes sociais. Parte do dinheiro foi entregue a Marcelo, configurando, segundo Osório, o latrocínio (crime seguido de morte).
No dia 16 de fevereiro, o último elo para conclusão do caso apareceu na delegacia. Um comerciante admitiu ter comprado o telefone celular de Thiago (que era de Beto Braga). Foi até a DEIC e entregou a carcaça do aparelho. Ele não tinha mais a placa.
Com a conclusão do inquérito, o delegado indiciou Gabriel e Marcelo pelo crime de latrocínio contra Beto Braga. Thiago, Jonas e Cristhian foram indiciados por receptação.