O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 – prévia da inflação oficial no país – disparou 0,78% em fevereiro, ante alta de 0,31% em janeiro, avanço de 0,40% em dezembro do ano passado. A última deflação ocorreu em julho, de 0,07%.
Com o resultado anunciado nesta terça-feira, 27 de fevereiro, o IPCA-15 acumula alta de 4,49% em doze meses, ante taxa de 4,47% até janeiro, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A ligeira aceleração quebra uma sequência de três meses consecutivos de arrefecimento.
No primeiro bimestre de 2024, o a inflação represada é de 1,09%. Encerrou o ano passado com alta de 4,72%, pouco aquém do teto da meta de inflação, de 4,75%. Em fevereiro de 2023, o IPCA-15 tinha registrado alta de 0,76%. A alta de 0,78% registrada este mês é a taxa mais acentuada desde abril de 2022, quando havia subido 1,73%.
Oito dos nove grupos de produtos e serviços que integram Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo registraram altas de preços em fevereiro. Houve recuo apenas em Vestuário (-0,39%, impacto de -0,02 ponto percentual), segundo o IBGE. Houve aumento em Alimentação e bebidas (0,97%, impacto de 0,20 ponto percentual) e Transportes (0,15% e impacto de 0,03 p.p.).
Também subiram os preços de, Habitação (0,14%, impacto de 0,02 p.p.), Educação (5,07%, impacto de 0,30 p.p.), Artigos de residência (0,45%, impacto de 0,02 p.p.) Despesas pessoais (0,46%, impacto de 0,05 p.p.), Saúde e cuidados pessoais (0,76%, impacto de 0,10 p.p.) e Comunicação (1,67%, impacto de 0,08 p.p.)
O reajuste de 8,23% nas mensalidades escolares de alunos do ensino fundamental exerceu a maior pressão sobre a prévia da inflação oficial em fevereiro. O subitem deu uma contribuição de 0,13 ponto percentual para a taxa de 0,78% do IPCA-15.
Também figuram no ranking de maiores pressões os itens ensino superior (alta de 3,74% e impacto de 0,06 p.p.), batata-inglesa (alta de 22,58% e impacto de 0,06 p.p.), combo de telefonia, internet e TV por assinatura (alta de 3,29% e impacto de 0,05 p.p.) e arroz (alta de 5,85% e impacto de 0,04 p.p.).
A lista ainda traz gasolina (alta de 0,84% e impacto de 0,04 p.p.), ensino médio (alta de 8,58% e impacto de 0,03 p.p.), plano de saúde (alta de 0,77% e impacto de 0,03 p.p.), serviço bancário (alta de 1,69% e impacto de 0,03 p.p.) e cenoura (alta de 36,21% e impacto de 0,03 p.p.).
Na direção oposta, a passagem aérea foi o item de maior influência negativa sobre a inflação de fevereiro, com queda de 10,65% e contribuição de -0,10 ponto porcentual. Outros itens no ranking de maiores alívios foram energia elétrica residencial (-0,40% e impacto de -0,02 p.p.), pacote turístico (-1,77% e -0,01 p.p.) e calça comprida feminina (-1,86% e -0,01 p.p.)..
IPCA cheio – A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – indexador oficial – fechou o ano passado com acumulado de 4,62%, acima da mediana de 3,25% para o período, mas dentro do intervalo da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
Era de 1,75% a 4,75%, quebrando uma sequência de dois anos seguidos além do teto e voltando ao nível de 2020, de 4,52%. Encerrou 2022 em 5,79% e 2021, em 10,06%. Em dezembro deste ano, subiu 0,42%, ante alta de 0,56% em dezembro.
A inflação por grupos
Educação – Os reajustes sazonais de mensalidades escolares fizeram os gastos das famílias brasileiras com Educação passarem de uma elevação de 0,39% em janeiro para uma alta de 5,07% em fevereiro, uma contribuição positiva de 0,30 ponto percentual para o índice
O movimento foi impulsionado pelo aumento de 6,13% nos cursos regulares, devido aos reajustes habitualmente praticados no início do ano letivo. Os maiores avanços ocorreram nos subitens ensino médio (8,58%), ensino fundamental (8,23%), pré-escola (8,14%) e creche (5,91%).
Houve elevação também nos gastos com curso técnico (6,01%), ensino superior (3,74%) e pós-graduação (2,81%). Os reajustes nas mensalidades do ensino fundamental (impacto de 0,13 ponto porcentual) e de ensino superior (0,06 ponto porcentual) lideram o ranking de pressões individuais sobre a inflação apurada pelo IPCA-15 em fevereiro.
Alimentação – Os preços de Alimentação e bebidas aumentaram 0,97% em fevereiro, após alta de 1,53% em janeiro. O grupo deu uma contribuição positiva de 0,21 ponto percentual para o IPCA-15. As altas alcançaram dois dígitos em itens como cenoura e batata-inglesa.
Entre os componentes, a alimentação no domicílio teve alta de 1,16% em fevereiro, após ter avançado 2,04% no mês anterior. As famílias pagaram mais pela cenoura (36,21%), batata-inglesa (22,58%), feijão-carioca (7,21%), arroz (5,85%) e frutas (2,24%). A alimentação fora do domicílio subiu 0,48%, ante alta de 0,24% em janeiro. A refeição fora de casa subiu 0,35%, e o lanche aumentou 0,79%.
Transportes – Os preços de Transportes subiram 0,15% em fevereiro, após queda de 1,13% em janeiro. O grupo deu uma contribuição positiva de 0,03 ponto percentual para o IPCA-15. Os preços de combustíveis tiveram alta de 0,77% em fevereiro, após recuo de 0,63% no mês anterior. A gasolina subiu 0,84%, após ter registrado queda de 0,43% em janeiro, enquanto o etanol avançou 0,32% nesta leitura, após queda de 2,23% na última.
O gás veicular subiu 3,83% e o óleo diesel recuou 0,32%. A queda de 10,65% no preço das passagens aéreas em fevereiro resultou na maior contribuição individual para deter uma inflação mais acentuada no mês. O subitem impactou em -0,10 ponto percentual a variação do IPCA-15.
Habitação – Os gastos das famílias brasileiras com Habitação passaram de uma elevação de 0,33% em janeiro para aumento de 0,14% em fevereiro, impacto de 0,02 ponto percentual. A energia elétrica residencial ajudou a arrefecer o resultado do grupo, ao recuar 0,40% em fevereiro. O item deteve o IPCA-15 em -0,02 ponto percentual, segundo maior impacto individual negativo, atrás apenas da contribuição de passagem aérea (-10,65% e -0,10 ponto).
Saúde – Os gastos das famílias brasileiras com Saúde e cuidados pessoais passaram de uma elevação de 0,56% em janeiro para uma alta de 0,76% em fevereiro, uma contribuição positiva de 0,10 ponto percentual para o IPCA-15 deste mês.
O movimento foi impulsionado pelos aumentos no plano de saúde (0,77%), produtos farmacêuticos (0,61%) e itens de higiene pessoal (0,70%). Houve destaque para as altas de preços de produto para pele (1,67%) e perfume (1,34%), apontou o IBGE.
Comunicação – Os gastos das famílias brasileiras com Comunicação passaram de uma redução de 0,03% em janeiro para uma alta de 1,67% em fevereiro, uma contribuição positiva de 0,08 ponto percentual. A aceleração foi impulsionada pelos aumentos nas cobranças de TV por assinatura (4,02%) e do combo de telefonia, internet e tv por assinatura (3,29%).