Ribeirão Preto enfrenta mais uma epidemia de dengue, desta vez de nível 2. Nesta quinta-feira, 15 de fevereiro, a Secretara Municipal da Saúde atualizou os dados de casos confirmados este ano. Já são 1.828 ocorrências em janeiro, além de 5.462 sob investigação. Uma semana atrás eram 1.279. Em sete dias, o Aedes aegypti – vetor da doença, do zika vírus e da febre chikungunya – fez mais 549 vítimas, aumento de 42,92%.
Na semana anterior, a alta havia sido de 431,18%, de 975 para 1.279, com mais 304 vítimas do vetor. A média diária neste ano é de 47 ocorrências, uma a cada 31 minutos, aproximadamente. Os dados são do período entre 1º de janeiro e 9 de fevereiro. São 137 notificações de casos suspeitos por dia.
São 167 pacientes infectados em fevereiro, quase 19 por dia, um a cada \uma hora e 16 minutos. São 1.661 em janeiro, ante 768 de dezembro, 893 a mais e alta de 116,28%. Na comparação com o primeiro mês de 2023, quando foram 402 pessoas pegaram dengue, o aumento chega a 313,18%. São 1.259 a mais
Até agora, segundo a Secretaria Municipal da Saúde, não há nenhum óbito confirmado em 2024, mas há uma morte sob investigação, de uma idosa que estava com a doença e faleceu. Foram oito falecimentos em decorrência da doença em 2023, três em março, duas em abril, duas em maio e uma em junho. Em 2022 ocorreu um óbito.
De acordo com a secretária da Saúde, Jane Aparecida Cristina, o índice predial de infestação larvária em janeiro era de 12%. Significa que a cada 100 casas visitadas em Ribeirão Preto, em doze foram encontrados criadouros do Aedes aegypti. Mais: em cada criadouro havia cerca de 300 larvas, em média.
A maioria está em vasos, pneus e ralos. Ribeirão Preto fechou o ano passado com 12.258 casos de dengue, 4.776 a mais que os 7.482 do período anterior, crescimento de 63,83%. A média diária em 2023 ficou em 34. Em pouco mais de 14 anos, a cidade já registrou 162.649 casos de dengue.
A procura pela nova vacina cresceu 50% nas clínicas particulares. O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece o imunizante Qdenga, produzido pelo laboratório Takeda, desde sexta-feira (9), mas apenas para crianças e adolescentes de 10 a 14 anos e em 521 municípios brasileiros. São onze cidades paulistas, todas da região do Alto Tietê. Ainda não há data para oferta do produto a outras faixas etárias.
Faixa etária – No ano passado, das 12.258 vítimas, 4.435 pessoas têm entre 20 e 39, outras 3.019 estão na faixa dos 40 a 59 anos, 2.021 estão entre 10 e 19 anos, 1.455 têm mais 60 anos, 946 são crianças de 5 a 9 anos, 321 têm entre 1 e 4 anos e 61 são bebês com menos de 1 ano de idade. São 3.905 casos na Zona Leste, 2.888 na Oeste, 2.082 na Norte, 1.922 na Sul e 1.461 na Central.
Neste ano, 553 pessoas têm entre 20 e 39, outras 466 estão na faixa dos 40 a 59 anos, 336 estão entre 10 e 19 anos, 259 têm mais 60 anos, 135 são crianças de 5 a 9 anos, 64 têm entre 1 e 4 anos e 15 são bebês com menos de 1 ano de idade. São 506 casos na Zona Leste, 416 na Norte, 341 na Sul, 258 na Central e 244 na Oeste, além de 63 sem identificação de distrito.
Jane Aparecida Cristina pede a colaboração da população para evitar sobrecarga no sistema de saúde. Atualmente, hospitais públicos e particulares da cidade já registraram aumento nas internações por dengue. “Setenta por cento dos criadouros do mosquito estão dentro das casas”, ressalta.
A secretaria diz que, somente nos mutirões do ano passado, foram recolhidos 60 toneladas de materiais inservíveis, entre eles cinco mil pneus. Em janeiro de 2024, a coleta chegou a 17 toneladas, além de mais de oito toneladas em dois eventos de fevereiro.
No ano passado, Ribeirão Preto também enfrentou epidemia de dengue, mas de nível 1, que não é tão grave quanto a atual. Jane Aparecida Cristina explica o que significa este novo patamar. “A gente já está em epidemia. Estávamos em epidemia nível 1, entramos, a partir de agora, em epidemia nível 2. O nível 2 são todas as ações relevantes”, diz.
“Além de mobilização social, nebulizações, a gente tem todo o processo de capacitação da equipe para atendimento, mobilização nas unidades de saúde com relação aos insumos e materiais que serão necessários para utilização de um possível aumento de número de atendimentos, e organização de todas as unidades de saúde para esse atendimento de dengue”.
Casos de dengue em Ribeirão Preto
2009 – 1.700
2010 – 29.637
2011 – 23.384
2012 – 317
2013 – 13.179
2014 – 398
2015 – 4.419
2016 – 35.043
2017 – 248
2018 – 270
2019 – 14.520
2020 – 17.606
2021 – 360
2022 – 7.482
2023 – 12.258
2024 – 1.828 *
Total desde 2009: 162.649
* Até 9 de fevereiro
Eliminação do Aedes aegypti
• Eliminar pratos de plantas ou utilizar um prato justo ao vaso, que não permita acúmulo de água;
• Descartar pneus usados em postos de coleta da prefeitura;
• Retirar objetos que acumulem água de quintais, como potes e garrafas;
• Verificar possíveis vazamentos em qualquer fonte de água;
• Tampar ralos;
• Manter o vaso sanitário sempre fechado;
• Identificar sinais de umidade em calhas e lajes;
• Verificar a presença de organismos vivos em águas de piscinas ou fontes ornamentais.