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Priscila Prade

Priscila Prade

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“Normalmente, os homens são ensinados a valorizar mais seu trabalho e seu tempo do que as mulheres”, diz Ana Fontes, da Rede Mulher Empreendedora.

Fundadora da Rede Mulher Empreendedora, Ana Fontes circula entre milhares de empresárias, de diferentes setores e realidades, e ouve relatos de sucessos, fracassos e da insegurança que rodeia as trajetórias de muitas delas.

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Mas isso não impediu que Ana e sua equipe ficassem surpresas quando, ao pedirem orçamentos para um serviço de tradução que precisavam contratar para a Rede, se depararam com o impacto da síndrome da impostora na prática. “Os orçamentos dos homens eram, em média, 50% mais caros, e o tempo de execução na proposta era maior”, diz Ana Fontes, que recebeu 12 orçamentos – metade de homens e a outra de mulheres.

Apesar da pequena amostra, a observação da fundadora da Rede Mulher Empreendedora é confirmada por outras pesquisas e ilustra um cenário mais amplo. Um estudo liderado por uma professora de Harvard mostra que, de fato, as mulheres pedem prazos mais curtos que os homens e têm menos probabilidade de negociar uma extensão no deadline, acreditando que serão julgadas ou penalizadas.

Para Ana, isso se deve a uma construção social. “Normalmente, os homens são ensinados a valorizar mais seu trabalho e seu tempo do que as mulheres.”

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O problema vai além da questão financeira. A sensação de ter muita coisa para entregar em pouco tempo também causa mais estresse e burnout, segundo a pesquisa. Além disso, as mulheres também são as principais responsáveis pelo trabalho de cuidado – com a casa, os filhos e outros parentes –, e precisam enfrentar uma tripla jornada.

Por que as mulheres cobram menos?

As mulheres não têm menos capacidade que os homens ou entregam um serviço inferior. “Mas por serem julgadas por tudo, acabam tendo a autoconfiança abalada”, diz Ana Fontes, que prioriza a contratação de mulheres e de serviços de empresas lideradas por empreendedoras.

Pesquisas mostram que muitas mulheres acreditam que precisam cobrar menos para garantir e manter os clientes. A diferença salarial entre os gêneros, que ainda persiste no mundo corporativo, também existe no universo do empreendedorismo, mesmo em empresas do mesmo setor. “Muitas profissionais oferecem serviços de graça porque querem ser aceitas”, diz a empreendedora. “Elas são muito rigorosas consigo mesmas.”

Ana Fontes deixa dicas para que empreendedoras e empreendedores valorizem seu trabalho e saibam cobrar pelos seus serviços:

 

  1. Tenha noção de quanto vale seu trabalho e quanto custa a sua hora;
  2. Entenda qual foi o investimento feito no seu trabalho – ele precisa estar no seu preço (Por exemplo, não é apenas o preço de uma tradução, sua experiência, seu currículo e dedicação precisam ser contabilizados);
  3. Olhe para o mercado – veja o que outros profissionais (homens e mulheres) estão oferecendo e por qual preço;
  4. Converse com profissionais da sua área e de outros setores;
  5. Deixe claro seu diferencial;
  6. Não tenha vergonha de divulgar seu trabalho – muito menos de cobrar por ele;
  7. Tenha clareza do valor e do resultado que você está entregando – assim, dificilmente vai cobrar menos do que é justo;
  8. Ajude outros empreendedores, especialmente mulheres, divulgando e consumindo seu trabalho;
  9. Não peça desconto para outras empreendedoras, elas também merecem ter seu trabalho valorizado.





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