Por: Adalberto Luque
Depois de muita espera o homem que teria recebido o celular do engenheiro Paulo Roberto Carvalho Pena Braga Filho, prestou depoimento. Ele compareceu à sede da Delegacia de Investigações Gerais da Divisão Especializada em Investigações Criminais (DIG/DEIC) na manhã desta quarta-feira (07).
Thiago Soares de Souza admitiu ao delegado Targino Donizete Osório, responsável pela investigação, que recebeu o celular e o tênis de Beto Braga, mas que não sabia serem produtos de um crime. Ele confirmou ter vendido o aparelho e entregue o dinheiro combinado para Marcelo Fernandes da Fonseca, de 28 anos, um dos dois homens presos, que devem ser acusados pela morte de Beto Braga, de 34 anos.
Após o depoimento, Thiago disse que não sabe onde está o celular. “Ele [Marcelo] ligou para eu vender o telefone. Sem saber a procedência, fui e vendi. Recebi ele do Marcelo. Vendi e dei o combinado [ao Marcelo] e foi só isso. Não sei onde o celular está”, disse Thiago.
Segundo Osório, o rapaz vai responder por crime de receptação. Para ele, a indagação de que havia uma quarta pessoa no quarto, na noite em que Beto foi morto por asfixia, não procede.
“[Está] completamente descartada a participação de mais uma pessoa. O homem é receptador, não há indícios de que ele esteja no local, que esteja no apartamento. Importante era o depoimento dele, prova que Marcelo subtraiu o celular do Beto e entregou para Thiago. Caracteriza que o aparelho foi roubado”, explicou o delegado.
Durante a reconstituição, Marcelo negou o roubo do celular e assumiu ter dado a gravata que matou Beto. O outro homem preso, Gabriel de Souza Brito, de 28 anos, também assumiu a autoria durante a reconstituição.
O caso
Beto Braga veio passar as festas de final de ano com a família, que mora em Ribeirão Preto. Morava em San Diego, Califórnia, EUA, onde era executivo de uma multinacional. Chegou ao Brasil em 19 de dezembro e, no dia 28, disse que iria sair com amigos. Seu corpo foi encontrado em 30 de dezembro no quarto de um imóvel de locação para curtos períodos, na esquina da Rua Eduardo Prado com Avenida do Café, Vila Amélia, zona Oeste da cidade.
No apartamento onde o corpo estava, havia pinos, supostamente de cocaína, cartela de medicamento para estímulo sexual, latas de cerveja e um tubo com gel lubrificante. O laudo confirmou que a morte ocorreu por asfixia mecânica, ou seja, estrangulamento. O celular da vítima sumiu e, antes que o corpo fosse encontrado, um homem ligou para a família de Beto dizendo ter achado o aparelho. Chegou a marcar um encontro com a mãe do executivo para devolvê-lo, mas não compareceu.
Durante as investigações e com uso de inteligência policial, os agentes conseguiram encontrar Brito no Rio de Janeiro, na cidade de Nova Iguaçu, região da Baixada Fluminense. Foi preso e trazido para Ribeirão Preto.
Após depoimento, Brito revelou o apelido de outra pessoa que teria participado do crime. As investigações evoluíram e Marcelo Fernandes da Fonseca foi preso em Diadema, Grande SP. Ele foi trazido para Ribeirão Preto e interrogado.
Durante o depoimento de Fonseca, surgiu uma terceira pessoa, de nome Thiago, que teria ficado com o celular. Na reconstituição do crime, ambos disseram ter dado o golpe que matou Beto Braga.
As buscas pelo celular prosseguem, mas para o delegado, já foi configurado o latrocínio. Segundo Osório, Thiago vai responder por receptação. O delegado pretende relacionar as transações financeiras e concluir o inquérito até o final de fevereiro. Não foi confirmado se haverá acareação entre os dois presos.