É fã ou hater? Traduzindo a crítica de um ‘anticripto’

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Saudações!

Recentemente, participei de um episódio do Market Makers. Durante quase 3 horas, falamos sobre cripto.

O episódio foi algo novo para a audiência do podcast por se tratar de um público mais focado no mundo das ações.

Em contramão ao que recomenda Joe Rogan, resolvi ler alguns comentários no YouTube; a ampla maioria foi receptiva ao tema, mas uma crítica me chamou atenção:

“Ninguém fala em criptos no presente, é sempre o futuro, e o futuro é incerto e imprevisível, […] pior que gestor de fundo falando que bolsa é longo prazo; pelo menos eles indicam o nome das ações para longo prazo, e cripto? Ahhh, é o futuro.”

Eu gosto muito de debates, de raciocínio lógico, e também não vejo problemas em reformular minha maneira de pensar.

Em que pese o argumento acima faltar em coerência lógica, dado que até em ações se estima fluxos de caixa futuros, e que boa parte do tempo de quem trabalha em finanças envolve pensar sobre estimativas (em vez de certezas) futuras, o interlocutor, mesmo que não intencionalmente, faz uma pergunta pertinente.

Traduzindo a crítica do leitor

Traduzo a crítica para a seguinte pergunta: “Cripto consegue tornar o nosso dia a dia mais seguro, rápido, barato ou democrático na margem?”. Acredito que sim.

Um pequeno texto como esse é limitado demais para discutir o tema com maior profundidade, mas se olharmos apenas para o bitcoin, é fácil ver que a resposta é sim.

Desafio alguém a me convencer de que existe alguma maneira mais antifrágil e anticensura de guardar dinheiro do que na rede do bitcoin.

Ainda assim, consigo entender a frustração de quem redigiu essa crítica – como a implementação de cripto ainda é limitada a usuários com algum conhecimento técnico, o consumidor final não sente a diferença. E para falar de implementação, sim, caro crítico, temos que falar de futuro, de incertezas e de risco. Não tem almoço grátis.

E não é essa a beleza dos mercados? Você pode colocar o seu dinheiro onde estão as suas palavras, e isso é o que conta na hora dos resultados. Cada um será recompensado (ou punido) pelo tamanho do risco que aceitou.

Sintetizo a minha visão nos seguintes pensamentos:

  • 1. Acredito piamente que a tecnologia dá as cartas, e o resto do mundo joga, e
  • 2. Nunca ouvi falar de vencedores que não arriscaram nada.

Variações semanais (29/01/24 a 05/02/24)

🪙 Bitcoin (BTC )

Preço: US$ 42.580 | Var. +1,30%

🪙 Ethereum (ETH)

Preço: US$ 2.288 | Var. +1,40%

🌐 Dominância Bitcoin: 52,58% (Var. +0,40%)

* dados referentes ao fechamento em 05/02/24

Tópicos da semana 

  • Bukele arrasta: o “presidente do bitcoin” alcançou uma expressiva vitória nas eleições após os eleitores deixarem de lado preocupações com a erosão da democracia para recompensá-lo por uma rigorosa repressão às gangues que transformou a segurança no país centro-americano. Os resultados provisórios na segunda-feira pela manhã mostraram Bukele com 83% de apoio, com pouco mais de 70% das urnas apuradas;
  • Teremos mais vendas de GBTC: A Genesis, credora de criptomoedas que declarou falência, entrou com um pedido na sexta-feira solicitando a um juiz dos EUA a aprovação para vender mais de US$ 1,6 bilhão em bitcoin (BTC), ether (ETH) e ethereum classic (ETC) mantidos nos produtos de confiança da Grayscale. Caso o pedido seja aceito, o mercado pode enfrentar uma nova pressão de venda significativa sobre o bitcoin, semelhante ao que ocorreu quando a falida corretora FTX vendeu mais de US$ 1 bilhão em participações GBTC em janeiro, o que coincidiu com a queda do preço do bitcoin de US$ 49.000 para US$ 39.000. Quase US$ 1,4 bilhão dos ativos da Genesis estavam em Grayscale Bitcoin Trust (GBTC), que agora se converteu em um fundo de investimento negociado em bolsa (ETF) à vista. A empresa também possui US$ 165 milhões em Grayscale Ethereum Trust e US$ 38 milhões em Grayscale Ethereum Classic Trust; 
  • Goldman Sachs sobre cripto: Mathew McDermott, Chefe Global de Ativos Digitais do maior banco de investimento do mundo, o Goldman Sachs, chamou atenção para a grande demanda por ativos digitais e o impacto positivo significativo da tecnologia blockchain em uma entrevista ao canal CNBC. Destacou a eficiência proporcionada pela tokenização, a visão comercial das organizações e o interesse de diversas instituições no envolvimento ativo com a classe de ativos digitais.

VEJA TAMBÉM EM A DINHEIRISTA – Posso parar de pagar pensão alimentícia para filha que não vejo há quatro anos?

Gráfico da semana  

O que veio depois do jornal? O e-mail. O que veio depois do e-mail? Redes sociais. O que virá depois das redes sociais? O Farcaster.

Nessa última semana, fiquei animado ao ver um novo projeto em que o foco principal não está no potencial especulativo de um token, mas sim em uma nova e melhor forma de construir algo importante para a civilização – no caso, grafos sociais.

Toda rede social pode ser explicada em dois tipos de elementos: usuários e ações (posts, likes, compartilhamentos, comentários). As relações entre esses dois elementos criam os grafos (ou redes) sociais, e são, em essência, o nosso “espelho” em forma de dados.

Agora, pare para pensar o quão valioso isso é para Zuckerberg e os acionistas da Meta. Quanto mais digital o mundo fica, mais a ideia de ter minha identidade digital nas mãos de empresas me parece absurda.

O Farcaster é um protocolo descentralizado projetado para a construção de aplicativos de rede social, oferecendo controle significativo aos usuários e desenvolvedores sobre seus dados.

Este protocolo se destaca por ser construído sobre a Ethereum e a Optimism Mainnet, permitindo a criação de plataformas sociais on-chain semelhantes ao Twitter, mas com uma ênfase maior na descentralização, privacidade do usuário e redução da censura.

Número de usuários ativos diariamente

Fonte: Dune Analytics.

Entenda, o Farcaster não é um aplicativo, mas sim um protocolo (como o HTTP ou TCP/IP) que você pode usar todo dia e nem perceber.

A parte mais interessante de utilizar alguns aplicativos construídos em cima do Farcaster, como o Warpcast e o Searchcast, foi a capacidade de logar em qualquer aplicativo usando um endereço de carteira, o qual carrega meus dados de um aplicativo para o outro com o toque de um botão.

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O modelo de negócio também é um pouco diferente.

O usuário paga 5 dólares por ano e, caso precise, poderá comprar mais armazenamento.

Entendo que a maioria vai achar isso estranho, pois os aplicativos de rede social atualmente (fora o X) não cobram pela totalidade dos seus serviços com dinheiro (apesar de cobrarem com propagandas e spam).

Essa descentralização traz os aplicativos de rede social mais próximos de eventos do mundo físico também, podendo criar comunidades em eventos com a emissão de NFTs.

Desenvolvedores que queiram criar jogos (lembra da febre dos jogos no Facebook?) terão acesso direto ao protocolo e aos seus usuários.

Isso sim parece cumprir as promessas da Web 3.0. São casos de uso muito interessantes, e que agora são possíveis, não se tratando de mera crença em potencial futuro.

Forte abraço, 

Valter Rebelo



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