Corte de juros vai ficar no banco? A próxima jogada do Fed após a decisão que derrubou as bolsas lá fora

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O Federal Reserve (Fed) entrou em campo nesta quarta-feira (31) com a partida definida antes mesmo de a bola rolar: 95% dos investidores esperavam a manutenção dos juros na faixa entre 5,25% e 5,50% ao ano — o maior patamar da taxa referencial em 22 anos nos EUA

E foi o que aconteceu: os membros do comitê de política monetária (Fomc, na sigla em inglês) terminaram a partida de hoje confirmando o placar dos juros inalterados, mas o comunicado trouxe aquela surpresinha que torna o campeonato mais emocionante.

“Ao considerar quaisquer ajustes no intervalo-alvo dos juros, o Comitê avaliará cuidadosamente os dados recebidos, a evolução das perspectivas e o equilíbrio dos riscos. O Comitê não espera que seja apropriado reduzir o intervalo dos juros até que tenha ganhado maior confiança de que a inflação está evoluindo de forma sustentável para 2%”.

Comunicado do Fed de 31 de janeiro de 2024

Esse trecho torna mais explicito o entendimento do Fed de que o corte dos juros vai seguir no banco de reservas por enquanto: eles não devem cair até que o Fed tenha certeza de que a inflação está em uma trajetória sustentável de desaceleração na direção da meta de 2% ao ano.

Ele substitui parágrafo que vinha dizendo, nos comunicados anteriores, que “ao determinar a extensão de qualquer reforço adicional da política que possa ser apropriado para fazer regressar a inflação a 2% ao longo do tempo, o Comitê terá em conta o aperto cumulativo da política monetária, a defasagem com que a política monetária afeta a atividade econômica e a inflação, e os efeitos econômicos e desenvolvimentos financeiros”.

Não demorou nada para o carinho da torcida aparecer após a mudança no comunicado com a decisão de hoje.

Nova York acelerou as perdas, com o S&P 500 e o Nasdaq chegando a cair mais de 1%. Já os yields (rendimentos) dos títulos de dívida do governo dos EUA de dez anos — os chamados Treasurys, usados como referência no mercado — subiram.

Por aqui, o Ibovespa segue em alta de 1%, mantando os 129 mil pontos, enquanto o dólar renovou máxima, com ganhos de 1,30%, a R$ 4,94. Acompanhe a nossa cobertura ao vivo dos mercados

O aquecimento dos juros para a partida de hoje

Como qualquer time que se preze, os membros do Fomc entram em campo hoje depois de um belo aquecimento — afinal, ninguém quer que a economia se contunda e traga ainda mais problemas para a equipe do Fed. 

Esse aquecimento começou na última reunião do banco central norte-americano de 2023, realizada em dezembro. A notícia de que o Fomc planejava três cortes de juros em 2024 provocou uma grande recuperação do mercado. 

O S&P 500 terminou o ano com uma valorização de 24% e fechou em máximas recordes cinco vezes, enquanto os yields dos Treasurys caíram em relação ao pico registrado há mais de uma década.

Os membros do Fomc, no entanto, passaram semanas desde essa reunião tentando orientar os mercados em outra direção. 

A comunicação funcionou. Os investidores começaram a ver o primeiro corte dos juros em maio, em vez de março, de acordo com a ferramenta FedWatch do CME Group: 58,3% de chances em março antes do encontro de hoje e 95,3% em maio.

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O próximo jogo dos juros já está marcado

A bola do Fed volta a rolar no dia 20 de março — e a partida promete ser mais dura do que o jogo de hoje. 

Isso porque os investidores ainda esperam que o banco central norte-americano reduza massivamente a taxa de referência este ano, chegando a prever cortes de 1,5 ponto percentual (pp) até dezembro de 2024 — o que equivale a seis reduções de 0,25 pp. 

Mas, logo após a divulgação da decisão desta quarta-feira, a ferramenta FedWatch do CME Group mostrava uma probabilidade ainda menor de o BC dos EUA cortar os juros na próxima reunião, em março: 47,2%.

As apostas para maio também caíram e passaram para 91,4% logo depois da decisão de hoje, ainda de acordo com os dados compilados pelo CME Group. 

*Conteúdo em atualização



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