Tem quem aproveite o início do ano para tirar férias e fazer exames de rotina para pôr a saúde em dia. Mas o que era para ser um alívio se tornou ‘dor de cabeça’ para alguns clientes da Hapvida NotreDame.
A companhia de saúde é alvo de investigação pelo Ministério Público do Estado de São Paulo por descumprir decisões judiciais favoráveis aos beneficiários do plano de saúde, dificultando o acesso a tratamentos de doenças, principalmente graves, como casos de câncer.
O problema foi reportado pelo jornal O Estado de São Paulo, e a reação dos investidores das ações da companhia na bolsa de valores foi rápida. No início do pregão, os papéis da Hapvida chegaram a liderar as perdas do Ibovespa, com queda superior a 5%.
Por volta das 15h06 (horário de Brasília), HAPV3 registrava queda de 3,95%, a R$ 4,13. Acompanhe a cobertura de mercados.
Vale ressaltar que a companhia tem quase 9 milhões de clientes, distribuídos entre Hapvida, NotreDame e outras operadoras menores pertencentes ao grupo. Ou seja, a operadora é responsável pela saúde de um em cada seis brasileiros que têm convênio médico.
Queda de Hapvida na B3: reação precipitada?
Para os analistas do Citi, ainda é muito cedo para avaliar os possíveis impactos materiais da investigação do Ministério Público sobre as operações da empresa ou se o caso se trata apenas de um problema corriqueiro e inerente ao negócio.
Isso porque a judicialização tem sido crescente em toda a cadeia de saúde nos últimos anos.
Contudo, o banco não descartou o reflexo da investigação sobre as ações da companhia, ao considerar que estar na mira do Ministério Público não é um “bom presságio para o ruído das manchetes”.
Ainda segundo o Citi, a Hapvida possui cerca de R$ 487 milhões em provisões associadas a perdas de natureza civil – que são prováveis – e R$ 1,8 bilhão considerados como perdas possíveis, ou seja, que não requerem provisionamento.
À espera dos resultados trimestrais
O Bank of America (BofA) atualizou as projeções para o balanço do quarto trimestre da Hapvida.
Entre os destaques, o banco estima que o lucro antes dos juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda) da companhia atinja R$ 950 milhões, acompanhado de um crescimento de 8% das receitas na comparação anual.
Contudo, o crescimento do faturamento deve seguir desacelerando, mesmo com o reajuste dos preços dos planos de saúde. Para o BofA, esse movimento pode ser explicado pelo foco da companhia em reduzir o plano PPO — em que o beneficiário pode receber atendimento fora da rede e ter direito a reembolso —, que corresponde a 4x o ticker médio da Hapvida, além do rebaixamento dos planos.
Por fim, a empresa deve perder 90 mil beneficiários entre os meses de outubro e dezembro de 2023, segundo a estimativa dos analistas do BofA.
A Hapvida divulga os resultados do quarto trimestre em 27 de março.
*Com informações de Estadão