Construtoras da B3 mostram desempenho forte nas prévias do 4T23 — confira os destaques e quem deixou a desejar 

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Em um país com um déficit habitacional de 5,8 milhões de moradias, segundo os últimos dados disponíveis da Fundação João Pinheiro, não falta público para imóveis produzidos pelas construtoras brasileiras.

O problema é bancar a compra da casa própria, especialmente quando se trata da faixa socioeconômica na qual a maior parte do déficit está concentrada: as famílias de baixa renda.

Mas o ano passado contou com o retorno e com melhorias em uma ferramenta que ajuda a amenizar o paradoxo entre a demanda por casas e a quantidade de compradores com condições de adquiri-las: o Minha Casa Minha Vida.

E não só o governo federal voltou a endereçar o problema, mas também a prefeitura de São Paulo, cidade mais populosa do país, com o lançamento do programa habitacional próprio para o município, o Pode Entrar.

O impacto dessas iniciativas que melhoram a acessibilidade financeira da população já pode ser visto nas prévias das incorporadoras que trabalham com o público de baixa renda

Nos últimos dias companhias como Cury (CURY3), Direcional (DIRR3), MRV (MRVE3), Plano & Plano (PLPL3) e Tenda (TEND3) reportaram performances consideradas sólidas pelos analistas.

Entre as incorporadoras voltadas para o segmento de alta renda, quem já liberou os números operacionais até a última quarta-feira (16) também mostrou um desempenho forte.

Por que a Cyrela (CYRE3) é a queridinha dos analistas?

Esse é o caso da Cyrela (CYRE3), cujo Valor Geral de Vendas (VGV) de lançamentos superou os R$ 9,7 bilhões em 2023 e ficou 7% acima do registrado no ano anterior.

Já as vendas contratadas subiram 12%, para R$ 8,9 bilhões, na mesma base de comparação, com destaque justamente para os R$ 4,3 bilhões vindos justamente do alto padrão.

Além das altas nos indicadores, outro número é um grande destaque da prévia para os analistas: “Na incorporação, a ideia geral é vender 50% dos projetos ao longo do primeiro ano pós-lançamento. A Cyrela conseguiu comercializar 46% dos lançamentos do 4T23 dentro do próprio trimestre. Ou seja, estão vendendo em três meses o que a maioria espera fazer em um ano”, afirma Luis Assis, analista da Genial.

De acordo com Lucas Rietjens, analista da Guide, também deve haver espaço para que a companhia aumente o atual patamar de projetos na prateleira, o que pode fazer com que as ações tenham uma performance ainda melhor. Os papéis CYRE3 acumulam alta de 53,9% no último ano.

Outro desempenho positivo no segmento veio da Mitre (MTRE3), que, de acordo com a Genial, reservou uma “surpresinha” para o mercado. “A companhia registrou o primeiro semestre de geração de caixa desde o IPO, o que mostra que o ciclo de projetos iniciado naquela época, em 2020, começa a gerar resultados”.

Mas, apesar das duas prévias fortes, isso não significa necessariamente que o alto padrão vai deixar o segmento de baixa renda comendo poeira, na análise da Guide.

Para que isso aconteça, uma condição deve ser atendida antes: “a nossa visão é que todo o mercado deve ir bem esse ano, mas as companhias de alta renda podem ter resultados ainda melhores se os juros caírem abaixo do que o mercado prevê”, afirma Rietjens.

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O grande destaque entre as construtoras de baixa renda

Por outro lado, mesmo considerando um cenário de queda maior que a esperada dos juros, as companhias do segmento econômico ainda têm um trunfo: “a demanda é muito mais resiliente na baixa renda e as empresas estão conseguindo sustentar margens maiores, então elas podem ser consideradas mais seguras.”

Dentro desse universo, os analistas de ambas as casas concordam que o destaque absoluto do setor foi a Cury (CURY3).

O VGV dos lançamentos da companhia chegou a marca inédita dos R$ 4,4 bilhões, cifra 34,1% superior a do mesmo período de 2022. Já o acumulado das vendas líquidas de 2023 cresceu 26,2% em relação ao ano anterior e alcançou os R$ 4,1 bilhões.

Além da performance sólida, a companhia sanou um temor antigo do mercado em relação a sua operação.

“Existia uma preocupação pela Cury trabalhar com uma quantidade baixa de terrenos. Agora eles aumentaram o landbank em 30%, algo extremamente significativo e que aponta que há bastante espaço para continuar lançando no nível atual”, afirma Assis, da Genial.

Para a Guide, a Plano & Plano (PLPL3) foi outro destaque: “ A construtora cresceu bastante em lançamentos, mesmo excluindo o Pode Entrar da conta. Os preços também estão em outro patamar graças a uma mudança no mix de produtos, com a companhia entrando no mercado de média renda”, argumenta Rietjens.

MRV (MRVE3) e o peso da desconfiança do mercado

Já o destaque “não tão positivo” ficou com a MRV (MRVE3). Apesar de ter apresentado números sólidos — inclusive com recordes na operação brasileira —, a incorporadora mineira não brilhou tanto quanto os pares.

De acordo com um analista consultado pelo Seu Dinheiro, o maior problema da companhia é a falta de credibilidade com o mercado. “Ela não tem cumprido nenhuma promessa faz muito tempo, então precisa entregar melhorias significativas para convencer e, nesse sentido, a prévia foi apenas ‘mais do mesmo’.”

Por outro lado, Rietjens, da Guide, relembra que a companhia conseguiu crescer as vendas e os preços no Brasil, enquanto tem uma possibilidade de destravar valor das ações por meio da subsidiária norte-americana Resia.

“Essa é uma companhia que acaba sendo muito sensível aos juros dos Estados Unidos. Para quem quiser apostar num cenário de soft landing da política monetária por lá, a MRV é um nome indicado.”

Agora que você já sabe quais são os destaques negativos e positivos das construtoras no quarto trimestre, confira abaixo um resumo dos números das principais companhias do setor liberaram as prévias até o fechamento do pregão da última quarta-feira (16):

Empresa Lançamentos 2023 Δ 2022 Vendas 2023 Δ 2022
Cury R$ 4,4 bilhões +34,1% R$ 4,15 bilhões +26,2%
Cyrela R$ 9,7 bilhões +7% R$ 8,89 bilhões +12%
Direcional R$ 4,85 bilhões +34% R$ 3,99 bilhões +33%
Even R$ 2,24 bilhões +103% R$ 1,78 bilhão +37%
Mitre R$ 1,6 bilhão +15% R$ 1,04 bilhão +25,9%
MRV Incorporação R$ 8,54 bilhões +45% R$ 5,8 bilhões -24,1%
Plano & Plano R$ 3,07 bilhões +81,7% R$ 3,34 bilhões +85,2%
Tenda R$ 3,48 bilhões +46,4% R$ 3,13 bilhões +32,7%
Fonte: CVM



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