Enquanto alguns investidores brasileiros mais atrasados ainda traçam metas para o novo ano, uma empresa já passou dessa etapa e revela ao mercado as projeções para desempenho operacional e financeiro em 2024: a Tenda (TEND3).
A construtora publicou nesta segunda-feira (8) um guidance com base em estudos internos e condições econômico-financeiras do setor no qual estima vendas líquidas entre R$ 3,2 bilhões e R$ 3,5 bilhões neste ano.
Os números consolidados de 2023 ainda não estão disponíveis para o público — a divulgação do balanço do quarto trimestre está marcada para 14 de março. Mas a companhia somou R$ 2,2 bilhões em vendas líquidas nos nove primeiros meses do ano passado.
Já a projeção para a margem bruta ajustada, calculada com base no resultado bruto e a receita líquida do exercício, é de 29% no limite inferior e 31% no superior. O percentual é maior do que os 24,5% registrados entre janeiro e setembro de 2023.
A Tenda liberou ainda um guidance para o Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização). Segundo os cálculos, o indicador deve ficar entre R$ 375 milhões e R$ 425 milhões.
Tenda (TEND3) pode faturar ainda mais
É importante ressaltar que as projeções da companhia estão sujeitas a riscos, incertezas e também possibilidades de upside. Duas delas são o programa habitacional lançado pela Prefeitura de São Paulo no ano passado, o Pode Entrar, e o Regime Especial de Tributação para Incorporações Imobiliárias (RET1%).
De acordo com a construtora, o Pode Entrar tem um Valor Geral de Vendas potencial de R$ 577,1 milhões, considerando que todos os projetos da companhia sejam contratados. Nesse cenário, os números divulgados hoje poderão ser revisadas para cima.
Já o RET1% prevê que a receita proveniente das unidades vendidas na faixa do programa habitacional federal Minha Casa Minha Vida tenham uma alíquota efetiva de imposto de apenas 1%. O tributo reúne e reduz as alíquotas de quatro outros impostos federais – IRPJ, PIS/Pasep, CSLL e Cofins.
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Tenda (TEND3) aprovou redução de capital para absorver prejuízos
O guidance da Tenda é divulgado poucas semanas após a companhia obter a aprovação dos acionistas para uma redução milionária de capital.
A operação de R$ 419,4 milhões, proposta em outubro do ano passado, tem como objetivo absorver os prejuízos acumulados pela empresa. A cifra corresponde ao rombo reconhecido no balanço do segundo trimestre de 2023.
Além disso, os administradoras da Tenda afirmaram, em comunicado divulgado junto à proposta, que a redução de capital poderá ser benéfica para os acionistas, pois reestabelecerá a situação de equilíbrio entre o nível de capital e o patrimônio.
Outro argumento é que a absorção dos prejuízos acumulados poderia viabilizar futuras distribuições de dividendos. O último depósito de proventos aos investidores ocorreu no final de 2021.
Mas a volta dos proventos não é garantia e a companhia faz uma ressalva: potenciais dividendos dependem da apuração de lucro nos próximos exercícios.