O uso prolongado de Inibidores de Bomba de Prótons (IBPs), uma classe de medicamento comumente atrelada ao tratamento de refluxo ácido, pode aumentar em até 33% o risco de desenvolvimento de demência, aponta pesquisa divulgada na revista científica Neurology.
O remédio é comumente receitado para o tratamento de desconforto e eventuais danos aos tecidos esofágicos, que ocorre quando os ácidos presentes no estômago regurgitam para o esôfago. Para combater esse problema, os IBPs são amplamente prescritos, pois atuam reduzindo a quantidade de ácido produzido pelo estômago.
Por que o medicamento aumenta o risco de demência?
Estudos recentes sobre o tema mostram que, embora sejam eficazes no tratamento do refluxo, esses medicamentos têm sido associados a diversos problemas de saúde.
Um desses ensaios, realizado pela equipe de Neurology, observou o impacto desses fármacos no desenvolvimento de demência. Nele, os participantes foram divididos em quatro grupos, de acordo com o uso das drogas e o período deste uso. Dentre aqueles que usaram os medicamentos por mais de 4,4 anos (497 pessoas), foi identificado que 58 desenvolveram quadros de demência.
Ao todo, a pesquisa envolveu mais de 5.700 pessoas acima de 45 anos sem sinais de demência no início do estudo, e desses, 1.490 utilizavam medicamentos para refluxo ácido.
Qual o risco de demência para quem usa IBPs?
Ao levar em conta fatores como idade, sexo, raça e condições de saúde correlacionadas, o estudo chegou à conclusão que as pessoas que consomem medicamentos para refluxo ácido por mais de 4,4 anos têm um risco 33% maior de desenvolver demência.
Por outro lado, é importante frisar, entretanto, que o estudo não encontrou um risco aumentado de demência para aqueles que tomam os medicamentos por um período inferior a 4,4 anos.
Uso consciente
Estas descobertas reforçam a necessidade de prescrição criteriosa, e uso consciente destes medicamentos, respeitando sempre as orientações médicas e ponderando os riscos e benefícios do uso prolongado. Lembrando que esta pesquisa é um avanço importante para entendermos melhor sobre os impactos do uso dos IBPs, mas ainda são necessários mais estudos para confirmar tal associação e entender os mecanismos exatos que levam a tal relação.