A Polícia Civil realizou duas operações simultâneas, na manhã desta sexta-feira (1), na Prefeitura de Brodowski. As operações Raio-X e Papa-Léguas tiveram suas segundas fases realizadas na prefeitura e em outros endereços ligados aos investigados.

As operações apuram um esquema de superfaturamento e pagamento de propina, que seria operacionalizado pelas secretarias envolvidas. Segundo o delegado Gustavo André Alves, do Setor de Inteligência da Delegacia Seccional de Ribeirão Preto e responsável pelas investigações, a Polícia Civil identificou fraudes nas Secretarias de Saúde, Licitação e Transporte da Prefeitura de Brodowski.

Pela Operação Raio-X, as fraudes teriam ocorrido em contratos firmados pela Secretaria da Saúde. O esquema foi descoberto na instalação de para-raios no hospital da cidade, mas de acordo com o delegado, a Secretaria da Saúde fazia o direcionamento de outras empresas contratadas, com superfaturamento dos serviços e produtos, para que houvesse repasse de propina. Os nomes dos investigados não foram revelados.

O delegado disse, no entanto, que o então secretário de Licitação e uma servidora da Secretaria da Saúde estariam por trás do esquema com vários contratos fraudados e superfaturados. Em nota, a Prefeitura de Brodowski informou que não se trata do secretário, mas do então secretário-adjunto de Licitações, e que ele já foi exonerado de suas funções. A operação apreendeu documentos e equipamentos eletrônicos que serão periciados.

“Vários outros contratos foram fraudados, superfaturados e tiveram valores repassados a título de propina a esses servidores, razão pela qual, na data de hoje [1/12], cumprimos mandados de busca na residência e imóveis ligados ao então secretário de Licitação, a essa servidora administrativa da Secretaria da Saúde, para continuar o desdobramento das investigações, identificar outras pessoas envolvidas, além de identificar outros processos de licitação para contratação dessas empresas de forma superfaturada”, explicou Alves.

Operação Papa-Léguas

A segunda fase da Operação Papa-Léguas foi realizada junto à Secretaria de Transportes da Prefeitura de Brodowski. Segundo o delegado, a primeira fase foi realizada de forma velada, onde foram apreendidos documentos manuscritos comprovando o pagamento de propina na secretaria.

O delegado explicou que as propinas variavam entre 6% e 10% do valor contratado por serviço ou produto. Esse valor seria repassado pelos contratados diretamente à Secretaria de Transportes, segundo Alves, para o então secretário e servidores vinculados ao esquema.

Os policiais civis cumpriram mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao então secretário de Transporte, a pessoas supostamente ligadas ao esquema e na sede da Prefeitura. Foram apreendidos vários documentos e equipamentos eletrônicos.

“Tudo será objeto de análise para desdobramento das investigações, com o objetivo também de identificar outras pessoas envolvidas e outros contratos, outros processos licitatórios que possam ter sido fraudados”, concluiu. Ao todo foram cumpridos nove mandados de busca e apreensão nas duas operações.

A Prefeitura de Brodowski informou por nota que o prefeito não possui qualquer envolvimento em nenhuma fase dessas operações. “Salientamos, ainda, que a gestão pública, sob a liderança do chefe do executivo, tomou medidas imediatas diante dos fatos apresentados”, diz a nota.

A Prefeitura publicou portaria 433, de 30 de outubro, instaurando sindicância para esclarecer os fatos. “Como medida cautelar, todos os envolvidos foram afastados de suas funções enquanto aguardam os desdobramentos das investigações.”

 

Na nota, a prefeitura reforça o compromisso com a transparência e a legalidade, afirmando estar cooperando plenamente com as autoridades para esclarecer os fatos. “A Prefeitura de Brodowski reitera seu comprometimento com a ética e a integridade, garantindo a continuidade dos serviços públicos em prol da comunidade. Permanecemos à disposição para fornecer informações adicionais conforme necessário”, conclui a nota.