A inflação da indústria brasileira subiu 1,11% em outubro deste ano, na comparação com o mês anterior. Esse foi o terceiro avanço consecutivo do indicador, que vinha registrando quedas desde fevereiro.
Apesar da alta mensal, a variação acumulada em 2023 continua negativa, em -4,43%. Significa que os preços estão menores do que no mesmo período de 2022. Aliás, a inflação acumulada nos últimos 12 meses ficou ainda mais negativa (-6,13%), para alegria da população, já que as variações tendem a alcançar o consumidor final.
O avanço em outubro foi apenas o quarto em 2023. Contudo, vale destacar que a alta foi a mais intensa do ano. Nos outros meses, os preços da indústria só fizeram cair no país. Confira as variações da inflação entre janeiro e setembro deste ano:
- Janeiro: 0,29%;
- Fevereiro: -0,29%;
- Março: -0,65%;
- Abril: -0,35%;
- Maio: -2,88%;
- Junho: -2,72%;
- Julho: -0,76%;
- Agosto: 0,92%;
- Setembro: 1,06%;
- Outubro: 1,11%.
Nos últimos meses do ano passado, a inflação da indústria também recuou, resultados que fizeram a taxa anual desacelerar e subir apenas 3,13% em 2022. Já neste ano, o resultado deverá ser bem diferente, mantendo-se no campo negativo. Em suma, a inflação acumulada nos últimos 12 meses até outubro está em -6,13%, queda firme, apesar dos recentes avanços.
Estes dados se referem ao Índice de Preços ao Produtor (IPP), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e divulgado nesta quinta-feira (26).
Saiba mais sobre o IPP
A saber, o IPP é considerado a inflação da indústria e seus resultados tendem a indicar a trajetória que a inflação ao consumidor seguirá. Assim, quanto menor a variação do índice, melhor para os consumidores.
De acordo com o IBGE, o IPP “tem como principal objetivo mensurar a mudança média dos preços de venda recebidos pelos produtores domésticos de bens e serviços, bem como sua evolução ao longo do tempo, sinalizando as tendências inflacionárias de curto prazo no país“.
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“Constitui, assim, um indicador essencial para o acompanhamento macroeconômico e, por conseguinte, um valioso instrumento analítico para tomadores de decisão, públicos ou privados“, informa o instituto.
O IPP analisa o progresso dos preços dos produtos na “porta da fábrica”, sem impostos e frete, medindo a evolução de 24 atividades das indústrias extrativas e de transformação.
Destaque de outubro fica com setor de bebidas
A inflação da indústria em outubro ficou positiva pelo terceiro mês consecutivo, mas isso não aconteceu de maneira disseminada entre os setores industriais. Em resumo, os preços de 14 das 24 atividades industriais subiram no mês, resultado que impulsionou a inflação do setor industrial, apesar de não ter sido tão disseminado assim.
Veja abaixo as atividades com as maiores variações em outubro:
- Bebidas: 6,12%;
- Indústrias extrativas: 5,26%;
- Outros equipamentos de transportes: 2,19%;
- Alimentos: 2,00%.
A saber, o setor de bebidas teve um resultado oposto ao de setembro, quando os preços caíram 5,04%. Aliás, o setor de bebidas sempre apresenta elevação dos preços em outubro, dede o início da série histórica da atividade no IPP, em 2010, segundo o analista da pesquisa, Murilo Alvim.
“A queda vista em setembro foi devido à margem que as empresas tinham para um reposicionamento de preços por conta de menores custos. Em outubro, com a proximidade do verão e das festas de fim de ano, há um aumento da demanda por produtos como cerveja e refrigerante“, explicou Alvim.
Setor de alimentos tem maior peso no IPP
Em outubro, o setor de alimentos apresentou a quarta maior variação entre os segmentos pesquisados. Contudo, o setor possui uma importância enorme para o IPP, visto que tem o maior peso no indicador, ou seja, sua variação tem maior influência na inflação nacional.
Em síntese, o setor de alimentos foi impulsionado pelo aumento nos preços das carnes bovina e de frango. O grupo econômico de abate e produção de carnes registrou aumento de 4,95% em outubro, impulsionando a taxa do setor e do próprio IPP.
“No caso da carne bovina, existe uma limitação da oferta de animais para abate, que pode estar relacionada ao ciclo da pecuária. Sobre a carne de frango, vemos um aumento da demanda que pode ser uma substituição de um produto por outro“, explicou Murilo Alvim.
Inflação da indústria cai 4,43% no acumulado de 2023
O IBGE revelou que a inflação da indústria, medida pelo IPP, acumulou queda de 4,43% entre janeiro e outubro de 2023. O resultado negativo se deve a vários setores, que acumulam queda em seus preços, para alívio da população.
Confira abaixo os setores com as maiores quedas acumuladas em 2023:
- Papel e celulose: -15,48%;
- Outros produtos químicos: -15,18%;
- Indústrias extrativas: -14,81%;
- Refino de petróleo e biocombustíveis: -12,56%.
Por fim, os impactos mais expressivos na taxa de 2023 do IPP vieram de: refino de petróleo e biocombustíveis (-1,51 ponto percentual). Em seguida, ficaram outros produtos químicos (-1,33 p.p.) e alimentos (-0,94 p.p.). O quarto maior impacto veio de indústrias extrativas (0,64 p.p.), que ajudou a eliminar uma pequena parte da queda da inflação no ano.