Morar fora nos convida a exercitarmos a empatia e a flexibilidade. Será que você está preparado para a frustração no exterior?
Precisamos normalizar que aqueles que estão à nossa volta em algum momento vão agir de modo diferente do que esperamos e isso não é um problema. Empatia e flexibilidade são dois pilares que nos auxiliam a termos uma experiência migratória ao redor do mundo e quanto mais cedo compreendermos isso, menos ansiedade e estresse viveremos. Boa parte dos brasileiros decidem morar fora para conquistarem uma vida diferente, mas será que estamos realmente conectados a esse propósito?
Frustração no exterior: as pessoas agirão diferente do que você espera
Quando olhamos para as gerações passadas conseguimos perceber o quanto que as migrações fazem parte da nossa história. Durante muito tempo o migrar foi uma estratégia de sobrevivência e por incrível que pareça, ainda é. Quando ampliamos nossa visão para olhar o que está acontecendo ao redor do mundo, ainda podemos encontrar essa realidade.
A necessidade de migração está contida em nós, quantas vezes tivemos o desejo de mudar de trabalho, de cidade, de casa, de relacionamento e até do que éramos no passado?
A depender da sua trajetória nessa vida, talvez você tenha sido exposto a diversas mudanças, realidade essa que lhe proporcionou uma flexibilidade cultural e uma expansão de consciência sobre novas realidades de existir.
Desse modo, algumas pessoas tiveram histórias mais sedentárias, ou seja, com menos movimento e trânsito entre realidades diferentes. Circunstância essa composta de menos experiências que proporcionam um ajustamento criativo e uma ampliação de visão de mundo.
Quando mudamos, tudo muda ao nosso redor e essa é uma realidade repleta de oportunidades, crescimento e acima de tudo, de evolução. Preciso confessar que talvez pensar em mudanças pode ser assustador, afinal de contas muitos de nós não gostamos de ser surpreendidos negativamente ou nos vermos em circunstâncias as quais “não podemos controlar”. Então na iminência de vivermos uma vida mais “estável” e previsível, buscamos mudar o menos possível.
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Empatia e Flexibilidade no exterior
Se tem uma realidade a qual a maioria dos imigrantes vivenciará no exterior, é se deparar com a realidade que todos aqueles à nossa volta agirão de um jeito diferente do que esperamos. Esse discurso parece um pouco óbvio, mas talvez não seja. Quantas vezes você foi gentil com alguém e esperou que ela agisse da mesma forma?
Você lembra da vez que ajudou um amigo e quando precisou ele não chegou junto? Se recorda da experiência nas repartições públicas, onde chegaste todo simpático e fostes mal atendido? Certamente se lembra das vezes que se entregou a uma relação e não foi correspondido e das oportunidades que vestiu a camisa da empresa e no fim não foi tratado com o devido cuidado e carinho…
Essa realidade acima é muito comum ao morar fora e caso você já tenha vivenciado algo parecido, isso nos revela que sim, por vezes nós esperamos que os outros se comportem como imaginamos, mesmo que tudo isso seja uma questão de educação e bom senso (de onde viemos).
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Frustração no exterior: a questão cultural
Existe um outro ponto importante diante dessa nossa expectativa de desejar que os outros se comportem de acordo com o que pensamos e imaginamos, que é a questão cultural. Por isso, a frustração no exterior acontece. Ao colocarmos o pé na estrada levamos em nossa bagagem nossos valores, costumes, crenças e princípios, filtros esses que podem clarificar ou turvar a nossa perspectiva da realidade.
Quando fortalecemos o nosso autoconhecimento por meio da psicoterapia com um psicólogo intercultural conseguimos compreender que realidades diferentes das nossas podem ser complementares. Ou seja, temos muito a ensinar e ainda mais para aprender.
Quando nos limitamos a acreditar que nossas verdades são absolutas e que a vivência dos outros não tem tanto valor, agimos de modo reducionista. Minimizando dessa forma, a trajetória daqueles que estão à nossa volta e nos posicionando como verdadeiros sabedores. Postura essa muito perigosa e arriscada, pois nos distanciamos da nossa humanidade e sensibilidade.
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Entenda como não esperar das pessoas
Se você espera muito dos outros e por vezes se pega triste, frustrado, chateado e até magoado com aqueles à sua volta, porque eles simplesmente não corresponderam a sua expectativa, então aqui vão algumas orientações práticas:
- Se comunique de forma clara, nada é óbvio e tudo precisa ser falado, tudo;
- A forma como gerimos o nosso tempo é individual e particular, respeite esse mesmo direito daqueles à sua volta;
- Se você se esforça para atender as expectativas dos outros com o objetivo de alcançar a reciprocidade, lembre que isso não funciona;
- Não tente manipular as pessoas ou enganá-las para que elas façam o que você deseja, além de gastar muita energia, a sustentabilidade disso é nula;
- Faça a gestão da sua vida sem depender das outras pessoas, assim poderás ter a liberdade de ser como desejar, para além de não incomodar os outros;
- “Cada um com seus problemas”, uma máxima muito verdadeira e que nos convida a reforçarmos a nossa autorresponsabilidade;
- Se você se concentrar na sua própria vida e buscar resolver suas pendências, perceberá que sua vida avançará mais rápido;
Aprenda a cuidar de você
Por fim, aprenda a cuidar de você, deixe de esperar que outras pessoas parem de cuidar delas para fazer o que só cabe a você.
A vida vai passando e aprendemos que precisamos cuidar melhor de nós. Quando optamos por morar fora nos damos conta que de fato estamos sozinhos nesta jornada, por melhor que sejam nossas companhias.
Essa não é uma triste realidade e perceber desta forma vai variar de acordo com sua visão de mundo. Aqueles que já fizeram o Caminho de Santiago de Compostela entendem muito bem isso. Cada um em sua jornada, nem mais rápido, nem mais devagar, mas no seu tempo…
Por isso, chegou o momento de nos acolhermos, de nos fortalecermos, de nos compreendermos ao ponto de ninguém precisar nos dizer o que precisamos e quem somos. O autoconhecimento é a chave para vivermos a vida que desejamos e a vida que podemos no momento.
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