rentabilidade em queda, crédito em desaceleração

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O lucro líquido dos bancos brasileiros caiu 6% no primeiro semestre de 2023, em relação ao mesmo período de 2022. Apesar disso, o Banco Central (BC) afirma que o sistema permanece rentável e com perspectivas positivas nos próximos meses.

A queda da rentabilidade foi motivada por um aumento das despesas com provisões, despesas de captação e custos administrativos. As informações são do Relatório de Estabilidade Financeira do BC, que foi divulgado nesta quinta-feira (9).

As provisões são reservas que os bancos fazem para cobrir possíveis perdas com créditos inadimplentes. As despesas de captação são os custos que os bancos têm para obter recursos para emprestar. E os custos administrativos são os gastos com funcionários, tecnologia e outros serviços.

No entanto, o BC acredita que esses fatores terão um impacto menor no futuro. A melhora na qualidade das novas concessões de crédito, a redução das estimativas de perdas nas carteiras de crédito e o ciclo de flexibilização monetária (queda dos juros básicos) devem contribuir para a recuperação da rentabilidade dos bancos.

A melhora na qualidade das novas concessões de crédito significa que os bancos estão emprestando para clientes com menor risco de inadimplência. A redução das estimativas de perdas nas carteiras de crédito indica que os bancos estão mais confiantes na capacidade de recuperação dos créditos inadimplentes. E o ciclo de flexibilização monetária deve reduzir os custos de captação dos bancos, o que aumentará sua margem de lucro.

Além disso, a queda dos juros básicos também deve estimular a demanda por crédito, o que também é positivo para a rentabilidade dos bancos.

Portanto, a redução da rentabilidade dos bancos em 2023 deve ser vista como um cenário de transição. Nos próximos meses, a rentabilidade deve se recuperar, à medida que os fatores que a estão impactando atualmente tenham um impacto menor.

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Crédito desacelera no primeiro semestre 

O mercado de capitais brasileiro continuou em expansão no primeiro semestre de 2023, apesar da desaceleração nos três primeiros meses do ano. O destaque foi o aumento das emissões de debêntures, que cresceram 21,2% em relação ao mesmo período do ano anterior.

A desaceleração no início do ano foi influenciada pelo caso Americanas, que levou a um aumento das provisões e outras despesas dos bancos. No entanto, o mercado de capitais se recuperou ao longo do semestre, apoiado no forte desempenho das empresas de capital aberto.

O crédito bancário, por outro lado, desacelerou no primeiro semestre de 2023. O crescimento foi de 12,1%, ante 17,3% no mesmo período do ano anterior.

A desaceleração do crédito bancário foi influenciada por dois fatores principais:

  • O aumento da materialização de risco, que se refere ao aumento da inadimplência;
  • A postura da política monetária, que manteve a Selic em alta por período prolongado.

No caso das empresas, o crédito bancário cresceu a taxas cada vez menores em todos os recortes, com destaque para a redução no crédito a grandes empresas. Para essas companhias, o mercado de capitais se mantém como fonte relevante de financiamento.

No caso das micro, pequenas e médias empresas, há pressão sobre a capacidade de pagamento. O elevado endividamento continua se manifestando na materialização de risco de crédito.

Em relação às famílias, os critérios de concessão de crédito se tornaram mais restritivos e a capacidade de pagamento teve leve piora. O crédito bancário às famílias desacelerou em especial nas modalidades de maior risco, como cartões de crédito e de crédito não consignado.

O atual ciclo de queda dos juros aliado ao aumento da renda bruta das famílias e às recomposições salariais deve ter impacto positivo sobre a capacidade de pagamento das pessoas físicas nos próximos trimestres.

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